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segunda-feira, 11 de novembro de 2024

Professor da AESA conquista 2º lugar em Concurso Nacional de Poesia em Leopoldina-MG


Por Leonardo Silva

No cenário cultural de Minas Gerais, a cidade de Leopoldina recentemente se destacou ao celebrar os 140 anos do renomado poeta Augusto dos Anjos, autor da icônica obra "Eu". Em homenagem ao legado do escritor e aos 110 anos de seu falecimento, a Prefeitura de Leopoldina, com o apoio da Academia Leopoldinense de Letras e Artes (ALLA), organizou a tradicional Semana Augusto dos Anjos, que incluiu a final da 33ª edição do Concurso Nacional de Poesias.

Neste ano, o concurso reuniu mais de mil inscrições de poetas de todo o Brasil, refletindo a importância e o prestígio deste evento literário. Dentre os trinta finalistas, quinze competiram na categoria Soneto e outros quinze na categoria Poesias. Um dos destaques foi o poeta e professor Carlos Alberto de Assis Cavalcanti, natural de Pedra e cidadão de Arcoverde, que leciona na área de Letras no Centro de Ensino Superior de Arcoverde (AESA), em Pernambuco.

Carlos Alberto de Assis conquistou o segundo lugar nacional na categoria Soneto com a obra "Sobre um Quadro de Caspar D. Friedrich". Sua trajetória no universo literário é marcada por uma presença ativa em várias academias de letras e artes, como a Academia Brasileira de Sonetistas Clássicos (ABSC), a Academia Brasileira de Sonetistas (ABRASSO), e a Academia de Letras e Artes do Nordeste (ALANE), entre outras. Ele também atua como Delegado Municipal da União Brasileira de Trovadores (UBT).

Essa conquista representa não apenas o reconhecimento de um talento literário, mas também a valorização da produção poética nordestina em eventos de âmbito nacional, como o Concurso Nacional de Poesias de Leopoldina. 


SOBRE UM QUADRO DE CASPAR D. FRIEDRICH
Carlos Alberto Cavalcanti

“O CAMINHANTE, SOBRE O MAR DE NEVOEIRO”,
se vê sobre o rochedo a olhar a natureza,
e há muita névoa espessa em contraste à dureza
da rocha em que seus pés pisam solo grosseiro.

Não é um alpinista e nem conduz veleiro,
contempla tão somente a face e a realeza
do quadro e a nostalgia a ele em sutileza
presente em cada traço a ele por parceiro.

Talvez disfarce a dor da solidão dos dois,
a dele e a da pintura exótica e embaçada,
a dupla face hostil da vida sufocada.

Espera que haverá um sol logo depois
ea clara luz dissipe aos dois os dissabores:
o artista pinte alegre e o homem veja as flores.


quarta-feira, 5 de abril de 2023

Professor Carlos Alberto Cavalcanti conquistou o primeiro lugar no Concurso Nacional Pedro Ivo de Poesia, da Academia Maranhense


O professor e escritor pedrense Carlos Alberto Cavalcanti, cidadão arcoverdense, conquistou mais uma premiação a nível nacional, desta vez no CONCURSO NACIONAL PEDRO IVO DE POESIA/2023. Concurso este, criado pela 
Academia Maranhense de Ciências, Letras e Artes Militares, para homenagear o Acadêmico Pedro Ivo de Carvalho Viana, que ocupava a cadeira n° 12. 

Segundo a Academia, esta foi a terceira edição, contando com a concorrência de 64 inscrições homologadas de um total de 93 poetas e poetisas que encaminharam seus documentos, onde 19 foram indeferidas. 35 cidades brasileiras foram representadas, entre elas Arcoverde/PE, cidade do professor e escritor Carlos Alberto Cavalcanti, vencedor desta terceira edição, com o poema: COSMONAUTAS FUGITIVOS.


Se há vida noutros mundos, o sábio especula
do seu castelo cheio de tanta Ciência.
E o extenso universo, frente à inteligência,
espia o pó pensante que a ideia articula.

Enquanto assim se dá, o pó ao pó macula
no solo do planeta refém da indigência
que lhe impôs o inquilino falto de decência,
que à mata mata quando então o mal postula.

Assim, enquanto a Terra sofre as agressões
que causam tantos danos ao meio ambiente,
pensar em se evadir é fugir do flagrante...

E saibam esses réus que o Cosmo, doravante,
ao vê-los ancorar num solo além-poente,
haverá de os julgar sem fazer concessões.


Mais sobre Carlos Alberto...

Mestrado em Teoria da Literatura (2007), pela UFPE; especialização em Pós-Graduação em Língua Portuguesa pela Autarquia de Ensino Superior de Arcoverde (1992); graduação em Letras pela Faculdade de Formação de Professores de Arcoverde (1986), ensino-médio-segundo-grau pelo Centro Executivo de Exames Supletivos (1982); ensino-médio-segundo-grau pelo Colégio Normal Estadual Carlos Rios (1975); ensino-fundamental-primeiro-grau pelo Ginásio e Escola Normal Amália Cavalcanti (1972), ensino-fundamental-primeiro-grau pelo Grupo Escolar Amália Cavalcanti (1968). Professor efetivo da AESA-CESA, área de Letras; professor aposentado da Escola Industrial de Arcoverde (nível MGD LPM II A); membro correspondente da Academia de Letras de Cachoeiro do Itapemirim - ES; da Academia de Letras e Artes de Ponta-Grossa - PR; e da Academia de letras Rio - Cidade Maravilhosa - RJ. Delegado Municipal da UBT - União Brasileira de Trovadores. Poeta, autor de: Itinerário Poético e Poemas (Di)versos. Laureado com a medalha Machado de Assis pela Academia Rio - Cidade Maravilhosa. Sócio da UBE - União Brasileira de Escritores (Recife); Atuando principalmente nos seguintes temas: Literatura Brasileira e Literatura Sertaneja (poesia popular, cordel e repente).

segunda-feira, 19 de dezembro de 2022

Escritor Carlos Alberto Cavalcanti recebeu moção de aplausos da Câmara de Vereadores da Pedra


O escritor pedrense e cidadão arcoverdense Carlos Alberto de Assis Cavalcanti, premiadíssimo em centenas de concursos literários, foi homenageado com uma moção de aplausos aprovada pela Câmara Municipal de Vereadores da Pedra, em reconhecimento pelos relevantes serviços prestados em prol do desenvolvimento do município. A Moção concedida através da vereadora Cleyde Braz, e entregue na última sexta-feira 16/12.

O escritor Carlos Alberto de Assis Cavalcanti é natural da cidade da Pedra - PE, casado com a sra. Jaci Ferreira Lira Cavalcanti; Professor do Centro de Ensino Superior de Arcoverde - PE, área de Letras. Autor de: Itinerário Poético - poesias - Menção Honrosa no Concurso Nacional de Poesias da Academia Pernambucana de Letras [2001]; tem poemas incluídos em diversas antologias nacionais, por conta de premiações em Concursos Literários; Membro Correspondente da Academia Cachoeirense de Letras - Cachoeiro do Itapemirim - ES; Delegado Municipal da UBT [União Brasileira de Trovadores].

Mais sobre Carlos Alberto...

Mestrado em Teoria da Literatura (2007), pela UFPE; especialização em Pós-Graduação em Língua Portuguesa pela Autarquia de Ensino Superior de Arcoverde (1992); graduação em Letras pela Faculdade de Formação de Professores de Arcoverde (1986), ensino-médio-segundo-grau pelo Centro Executivo de Exames Supletivos (1982); ensino-médio-segundo-grau pelo Colégio Normal Estadual Carlos Rios (1975); ensino-fundamental-primeiro-grau pelo Ginásio e Escola Normal Amália Cavalcanti (1972), ensino-fundamental-primeiro-grau pelo Grupo Escolar Amália Cavalcanti (1968). Professor efetivo da AESA-CESA, área de Letras; professor aposentado da Escola Industrial de Arcoverde (nível MGD LPM II A); membro correspondente da Academia de Letras de Cachoeiro do Itapemirim - ES; da Academia de Letras e Artes de Ponta-Grossa - PR; e da Academia de letras Rio - Cidade Maravilhosa - RJ. Delegado Municipal da UBT - União Brasileira de Trovadores. Poeta, autor de: Itinerário Poético e Poemas (Di)versos. Laureado com a medalha Machado de Assis pela Academia Rio - Cidade Maravilhosa. Sócio da UBE - União Brasileira de Escritores (Recife); Atuando principalmente nos seguintes temas: Literatura Brasileira e Literatura Sertaneja (poesia popular, cordel e repente). Fonte: ESCAVADOR

terça-feira, 6 de dezembro de 2022

40 ANOS DE: MUNICÍPIO DE ARCOVERDE (RIO BRANCO) CRONOLOGIA E OUTRAS NOTAS, LIVRO DO ESCRITOR LUÍS WILSON


Por: Carlos Alberto Cavalcanti

No espaço de tempo que se dá entre a primeira edição de Minha Cidade, Minha Saudade (1972) e a segunda edição (1983), o escritor-historiador Luís Wilson de Sá Ferraz publicou, em 1982, portanto, há 40 anos: MUNICÍPIO DE ARCOVERDE (RIO BRANCO) CRONOLOGIA E OUTRAS NOTAS, na mesma linha de pesquisa historiográfica e com a mesma competência de arrolamento de dados, documentação e acervo fotográfico. 

A obra reúne, como já anuncia o título, a soma documental e sentimental com que o autor se debruça numa pesquisa que o coloca diante de uma tarefa intelectual de pesquisador e concomitantemente de alguém cujas raízes já se adentrara não só na História de Arcoverde, mas igualmente na vida de Arcoverde, haja vista ter também a sua vida plantada na Terra do cardeal, quando aqui chegou nos idos de 1920.

O prefácio vem assinado pelo professor Joel de Holanda e, nas orelhas da obra, o professor Inocêncio Lima tece um comentário que, sem dúvida, pode ser chamado de um segundo prefácio, posto que se alarga em conteúdo e reconhecimento sobre a escrita de Luís Wilson tanto quanto se faz no espaço indicado para o prefácio. Ao fazê-lo no recorte mais restrito das chamadas orelhas, o professor Inocêncio, de posse de sua qualidade reflexiva e habilidade de expressão, com certeza duplicou o prefácio ou alongou as orelhas, o que, nas duas situações, contribuiu para o registro opinativo de valor sobre o trabalho do historiador arcoverdense, o filho de Noé do Bar, doutor Luís Wilson. 

A obra sobre a qual destacamos os 40 anos de publicação é como se, desentranhada de Minha Cidade, Minha Saudade, o autor reunisse de maneira epistolar, afetuosa e historiográfica, suas impressões fundamentadas na farta documentação a que teve acesso bem como ao acervo iconográfico que se acrescenta e atualiza ainda mais o relato que se torna mais detalhado e mais arcoverdense.

Do acervo de obras elaboradas por Luís Wilson com esse sentido de registro histórico, com certeza esse exemplar tem mais de sua alma arcoverdense além do trabalho de exímio catador de informes e revelações orais e escritas que se transformam em dados de alto teor documental como se vê nessa obra. Pernambuco se orgulha de um Gilberto Freire, de um Josué de Castro, na Sociologia; contudo, há que incluir no rol desse elenco brilhante de homens dotados de uma genialidade para coletar e sistematizar dados históricos intermeados por um sentimento telúrico, o nome desse sertanejo que leu o Estado, mais detidamente o sertão, e com mais prazer e amor, Arcoverde, que é o Dr. Luís Wilson. 

Basta que se consulte prefácios, comentários de fortuna crítica sobre suas obras para se convencer da notabilidade do autor, se bem que, em pessoa, sua simplicidade o fizesse avesso às maquiagens da vaidade. Vejamos breves citações colhidas da apreciação dos amigos e intelectuais que opinaram sobre a escrita de Luís Wilson.

A começar pelo prefácio de Joel de Holanda Cordeiro: “[...] Cada página do livro tem para mim o sabor de reencontro [...] a cidade se deu toda à criança e ao adolescente que povoou suas ruas com sonhos e fantasias emocionados” (CORDEIRO, p. 23) (1). Em seguida, o professor Joel de Holanda elenca nomes de localidades a que ele chama de “territórios conhecidos”: Aldeia Velha, Riacho do Mel, Serra das Varas, Caraíbas, Ipojuca entre outras localidades familiares da área geográfica do município. Mais adiante, Joel afirma que: 

“Rebuscando o passado, analisando eventos e datas [...] Luís Wilson surge aos olhos dos estudiosos como o portador da mais vasta e significativa contribuição ao conhecimento documental do agreste e do sertão de Pernambuco” (CORDEIRO, 1982 apud WILSON, 1982, p. 24) (2).

Ao dizer, por fim, que “O livro é um achado”, Joel reafirma a admiração que tem pelo autor que, movido por uma capacidade de investigação aguçada, faz que voltem a vibrar os acontecimentos já vividos como se, por um processo de abdução memorialista, todos de agora mergulhassem nas águas caudalosas das saudades.

Ao referir-se ao conjunto das publicações de Luís Wilson, o professor Inocêncio Lima abre o seu texto nas orelhas afirmando que a obra que ora completa 40 anos de sua publicação representa: “a continuidade de um persistente esforço de reconstruir a memória de sua/nossa sorridente e alegre cidade” (LIMA, 1982 apud WILSON, 1982) (3).

Reconhece Inocêncio que “em toda sua obra e sob todas as formas a revelação cônscia de sua grande obstinação: deixar para Arcoverde o valioso patrimônio de sua fonte histórica mais completa, mais objetiva e mais válida” (LIMA, 1982 apud WILSON, 1982) (4). Com isso, o professor Inocêncio assegura que “haverão todos e a seu tempo de reconhecê-lo como o HISTORIADOR DE ARCOVERDE” (LIMA, 1982 apud WILSON, 1982) (5). Inocêncio afirma ser esse título emérito perfeitamente correspondente às qualificações do autor que, de forma “beneditina” – afirma professor Inocêncio – ainda assim não define por completo a grandeza do homem Luís Wilson e da obra por ele escrita.

Na parte final da orelha, o professor Inocêncio elenca do sumário aspectos pontuais que demonstram a dinâmica estrutural do desenvolvimento de Rio Branco-Arcoverde, e cita dados concretos: Entre a primeira metade do século XIX e início do século XX, a “vocação comercial” consolidada com a “primeira feira de gado”; outro dado a destacar é que também na primeira metade do século XIX, a primeira escola e nos anos 20, do século XX, “possuía sua Liga Contra o Analfabetismo” (LIMA, 1982 apud WILSON, 1982) (6)

E assim vai o professor pinçando pontos na linha de tempo da história municipal, reiterando a certeza de que as gerações atuais muito devem ao altruísmo, trabalho e abnegação de tantos que deveriam estar na ordem do dia das aulas de hoje, tendo em vista estimular aspirações efetivas de cidadania no alunado tão refém de tecnologia e tão ausente de um espírito de admiração pelos que se deram intensamente no labor e na construção do que, para eles, era o futuro e que, agora, é o nosso presente.

Por fim, das orelhas da primeira edição de MINHA CIDADE, MINHA SAUDADE, lemos: “Sim, este livro é para ser lido com o coração” (LINS, 1973 apud WILSON, 1983) (7). Trata-se de uma frase do jornalista Alberto Frederico Lins que consta numa matéria intitulada: Um Romance de Saudade (Jornal do Commercio, 11-04-1973) sobre o livro acima citado (de Luís Wilson).  Na mesma orelha, lê-se: “recordando o Arcoverde das jovens e inquietas esperanças, revivi uma das melhores épocas da minha existência [...] na retroterra [...] do Sertão dos heroísmos desconhecidos, telúrico e desafiador” (PARAHYM, 1973 apud WILSON, 1973) (8), a propósito de uma matéria do Dr. Orlando Parahym publicada no Diário de Pernambuco em 24-04-1973, com o título: História de Arcoverde. Do professor João Vasconcelos: “História, biografia, romance, o livro de Luís Wilson ilustra pelo que oferece de conhecimentos sobre fatos e coisas, e recreia pela maneira leve e gostosa em que está escrito” (VASCONCELOS SOBRINHO, 1973 apud WILSON, 1983) (9).

Confirma-se, portanto, a riqueza textual e a organização laboriosa dos dados coletados pelo historiador Luís Wilson em cada depoimento como se fosse produto de uma combinação prévia entre os comentaristas quando, na verdade, é a indissolúvel uniformidade das impressões causadas pela qualidade da produção publicada seja em MINHA CIDADE, MINHA SAUDADE, no que aqui acabamos de registrar nossa solidariedade ao aniversário dos 40 anos de publicação ou nas demais obras do autor. Tomara que, em breve, essas edições sejam republicadas pela CEPE para que, em tempo, os jovens da atualidade se debrucem em sua leitura agradável e informativa.

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1. CORDEIRO, Joel de Holanda. Prefácio. In: WILSON, Luís. MUNICÍPIO DE ARCOVERDE (RIO BRANCO) (Cronologia e outras notas). Recife: Secretaria de Educação, 1982.

2. Idem. Prefácio. In: WILSON, Luís. MUNICÍPIO DE ARCOVERDE (RIO BRANCO) (Cronologia e outras notas). Recife: Secretaria de Educação, 1982.

3. LIMA, Antônio Inocêncio. Orelha. In: WILSON, Luís. MUNICÍPIO DE ARCOVERDE (RIO BRANCO) (Cronologia e outras notas). Recife: Secretaria de Educação, 1982.

4. Idem. Orelha. In: WILSON, Luís. MUNICÍPIO DE ARCOVERDE (RIO BRANCO) (Cronologia e outras notas). Recife: Secretaria de Educação, 1982.

5. Idem. Orelha. In: WILSON, Luís. MUNICÍPIO DE ARCOVERDE (RIO BRANCO) (Cronologia e outras notas). Recife: Secretaria de Educação, 1982.

6. Idem. Orelha. In: WILSON, Luís. MUNICÍPIO DE ARCOVERDE (RIO BRANCO) (Cronologia e outras notas). Recife: Secretaria de Educação, 1982.

7. LINS, Alberto Frederico. Orelha. In: WILSON, Luís. Minha Cidade, Minha Saudade. Recife: Editora Universitária da UFPE, 1972.

8. PARAHYM, Orlando. Orelha. In: WILSON, Luís. Minha Cidade, Minha Saudade. Recife: Editora Universitária da UFPE, 1972.

9. VASCONCELOS SOBRINHO, João. Orelha. In: WILSON, Luís. Minha Cidade, Minha Saudade. Recife: Editora Universitária da UFPE, 1972.


REFERÊNCIAS:

CORDEIRO, Joel de Holanda. Prefácio. In: WILSON, Luís. MUNICÍPIO DE ARCOVERDE (RIO BRANCO) (Cronologia e outras notas). Recife: Secretaria de Educação, 1982.

LIMA, Antônio Inocêncio. Orelha. In: WILSON, Luís. MUNICÍPIO DE ARCOVERDE (RIO BRANCO) (Cronologia e outras notas). Recife: Secretaria de Educação, 1982.

LINS, Alberto Frederico. Orelha. In: WILSON, Luís. Minha Cidade, Minha Saudade. Recife: Editora Universitária da UFPE, 1972.

PARAHYM, Orlando. Orelha. In: WILSON, Luís. Minha Cidade, Minha Saudade. Recife: Editora Universitária da UFPE, 1972.

VASCONCELOS SOBRINHO, João. Orelha. In: WILSON, Luís. Minha Cidade, Minha Saudade. Recife: Editora Universitária da UFPE, 1972.


segunda-feira, 21 de novembro de 2022

50 ANOS DE: MINHA CIDADE, MINHA SAUDADE, LIVRO DO ESCRITOR LUÍS WILSON


Por: Carlos Alberto Cavalcanti

MINHA CIDADE, MINHA SAUDADE – LUÍS WILSON. Meio século se registra sobre a publicação da primeira edição de um livro extraordinário, encantatório e repleto de dados históricos, sentimentais sobre a formação de ARCOVERDE e cercanias e a consolidação político-social que, palmo a palmo, o trabalho de tantas famílias promoveu ao longo dos anos. Era prefeito, naquela ocasião (1972), o professor Giovani Porto, detentor de uma vasta cultura e, coincidentemente, também detentor de conhecimentos históricos que o tornavam um admirável professor e orador.

Segundo (SALVIANO FILHO, 2020)1, LUÍS WILSON DE SÁ FERRAZ, nascido em 1917, na Vila Bela que hoje é Serra Talhada, veio, em 1920, com os pais, para Rio Branco, integrando-se, desse modo, à comunidade que daí em diante passou a ser o seu berço, a sua terra. O pai, Seu Noé do Bar, passou a ser uma figura das mais queridas na configuração social da cidade em desenvolvimento, seja pelo seu tino empreendedor e mais ainda pelo seu jeito folclórico, engraçado, filosófico de encarar a vida. Suas “tiradas” são frases ou provérbios que logo ganharam as paredes do seu próprio bar, cenário de sua vida cotidiana, e a boca do povo que as reproduzem ainda hoje.

A vida escolar de Luis Wilson tem passagem por Pesqueira, Garanhuns até chegar ao Recife, onde, em 1940, tornou-se médico. Daí em diante, clinicou, fez amizades, criou, junto a amigos, o Centro de Estudos de História Municipal da Fundação de Desenvolvimento dos Municípios do Interior de Pernambuco, integrou a SOBRAMES- Recife e outras entidades literárias e, naturalmente, escreveu muito, deu uma contribuição extraordinária para a divulgação de fatos sobre a história de Pernambuco, sobretudo desses municípios sobre os quais escreveu com farta referência documental, o que torna os seus livros uma fonte de consulta permanente para leitores comuns e leitores acadêmicos que tenham em vista algum trabalho de pesquisa nessa linha historiográfica.

Das obras que Luís Wilson publicou, com certeza, sobretudo para Arcoverde, MINHA CIDADE, MINHA SAUDADE, que ora completa meio século de sua primeira edição, se constitui num livro vivo, uma coletânea de fatos documentais, sobretudo de fatos sentimentais, haja vista que Arcoverde foi, para o autor, não só o objeto de pesquisa, mas também a sua cidade de infância, juventude e maturidade. Laços indeléveis de aspectos memorialistas se somam ao pulso firme do pesquisador-historiador e dão um sabor presencial às 511 páginas de registros minuciosos enriquecidos por farta ilustração fotográfica que foi, inclusive, segundo seu depoimento, o ponto de partida para a obra quando – diz Luís Wilson na introdução da edição de 1972 – que também consta na segunda edição publicada em 1983:

Há cerca de um ano, jantando com Luís Cristóvão dos Santos, caí na tolice de lhe mostrar 10 ou 15 álbuns de velhas fotografias de Rio Branco (Arcoverde), que eu possuo, grande parte das quais recebi de presente do Dr. Luís Coelho. Escrevera, então, embaixo de cada foto, o que me dava na cabeça. [...] Luís Cristóvão - diante dessas legendas em cerca de 200 a 300 fotografias – me convenceu a acabar com os meus álbuns e escrever mais sobre Rio Branco (WILSON, 1972, p. 33-4)2.

A propósito, foi Luís Cristóvão dos Santos (escritor pesqueirense e integrante da Academia Pernambucana de Letras) quem prefaciou a primeira edição de MINHA CIDADE, MINHA SAUDADE. Na verdade, mais que um prefácio, Cristóvão profere uma conferência histórica, com detalhes e beleza de cronista-sociólogo, sobre a História que une, no tempo e no espaço, Pesqueira e Arcoverde, em cujo relato já aparece o seu amigo de estudos e futuro escritor Luís Wilson.

Lê-se em dado trecho desse discurso historiográfico que escreve o jornalista pesqueirense no prefácio antológico sobre Luís Wilson ainda menino: “[...] foi ali no meio dos companheiros dos bancos escolares que eu o conheci [...] sujeitinho baixo [...] vivo como uma carrapeta [...] chegado do Antigo Rio Branco” (SANTOS, 1972 apud WILSON, 1972, p. 25)3.

Os meninos crescem. Cristóvão e Wilson seguem para Recife. Se reencontram, já adultos, cada um com suas tarefas profissionais definidas. Um abraça o Direito e o outro a Medicina. É quando se dá o encontro acima citado, e o filho de Noé acolhe a ideia do amigo de Pesqueira e passa a pescar tudo quanto é fotografia e recortes de revistas, jornais, além de ouvir seguidos relatos de pessoas da comunidade sobre a formação histórico-social desde o Olho d’Água dos Bredos a Rio Branco e depois Arcoverde. 

Em verdade – diz Cristóvão – o médico Luís Wilson aproveitou os seus conhecimentos de oftalmologista e pôs nos olhos lentes poderosas para com elas melhor devassar a distância dos primórdios da história de Arcoverde, alongados no tempo por mais de século (SANTOS, 1972 apud WILSON, 1972, p. 31)4.

Assim, ao longo de 21 capítulos a obra reúne o produto da dedicação de pesquisador e do afeto de Luís Wilson por Arcoverde. Cada capítulo apresenta, no índice, subtópicos que já antecipam sobre o que aguarda o leitor no decorrer da leitura.

Vale dizer que uma segunda edição da obra foi publicada em 1983, acrescida de algumas correções necessárias sobre nomes e datas e também de mais textos e fotos. Vem prefaciada pelo então prefeito Ruy de Barros Correia Filho, também médico, homem de muita cultura, cujas palavras reiteram a favor do autor da obra a mesma compreensão que outros nomes da área literária já haviam dito, e o Dr. Ruy, com humildade, reconhece. Contudo, vale registrar um trecho do prefácio do Dr. Ruy de Barros ao afirmar, tocado pela sensibilidade que lhe era peculiar em relação ao amor pela cidade de Arcoverde:

Nós, os arcoverdenses, só podemos dizer que sentimos um orgulho imenso da amizade de Luís Wilson [...] que se reveste de nuances tão características e tão próprias que ainda precisa ter uma resposta especialíssima do povo de Arcoverde. [...] Tenho certeza absoluta de que não há nenhum exagero de minha parte em dizer: o Dr. Luís Wilson de Sá Ferraz conseguiu dar uma nova identidade a Arcoverde. [...] Hoje, é tão importante saber quem é Arcoverde como orgulhar-se de quem foi Arcoverde (CORREIA FILHO, 1983 apud WILSON, 1983, p. 28)5.

Ao fim dessas considerações a título de homenagem a uma obra que está a merecer uma terceira edição, pois as duas aqui citadas são hoje em dia muito raras, disponíveis para venda em sebos através da busca na Internet, e algumas catalogadas nas bibliotecas públicas da cidade, são guardadas com muito cuidado, a fim de preservar a condição física da obra, sendo permitida a consulta apenas no recinto da biblioteca.

Portanto, uma terceira edição, num acordo entre a Prefeitura e o Governo do Estado, que detém a direção da CEPE (Companhia Editora de Pernambuco) em muito resgataria essa memória viva para as gerações atuais bem como, de fato, cumpriria o reconhecimento a quem, com desprendimento, competência, carinho e muita arte, se deu inteiramente ao labor de fazer o registro, no cartório da História, sobre a cidade de Arcoverde, para onde veio na infância e aqui fincou suas raízes e se projetou para o mundo, posto que ao produzir uma vasta obra de caráter eminentemente historiográfica e memorialista, haverá de sempre ter o olhar de novos leitores debruçados sobre as minúcias da construção social, cultural que resultou na Arcoverde por ele sempre amada.

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1 SALVIANO FILHO, Pedro. O Historiador Luís Wilson. Jornal de Arcoverde (mai/jun 2014). Disponível em https://jornaldearcoverdehistoriasregiao.blogspot.com/2020/03/o-historiador-luis-wilson.html Acesso em 14 nov. 2022.

2 WILSON, Luís. Minha Cidade, Minha Saudade. Recife: Editora Universitária da UFPE, 1972.

3 SANTOS, Luís Cristóvão dos. Prefácio. In: WILSON, Luís. Minha Cidade, Minha Saudade. Recife: Editora Universitária da UFPE, 1972.

4 Idem. Prefácio. In: WILSON, Luís. Minha Cidade, Minha Saudade. Recife: Editora Universitária da UFPE, 1972.

5 CORREIA FILHO. Ruy de Barros. Prefácio. In: WILSON, Luís. Minha Cidade, Minha Saudade. Recife: Centro de Estudos de História Municipal – FIAM, 1983.

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REFERÊNCIAS:

CORREIA FILHO. Ruy de Barros. Prefácio. In: WILSON, Luís. Minha Cidade, Minha Saudade. Recife: Centro de Estudos de História Municipal – FIAM, 1983.

SALVIANO FILHO, Pedro. O Historiador Luís Wilson. Jornal de Arcoverde (mai/jun 2014). In: Disponível em https://jornaldearcoverdehistoriasregiao.blogspot.com/2020/03/o- historiador-luis-wilson.html Acesso em 14 nov. 2022.

SANTOS, Luís Cristóvão dos. Prefácio. In: WILSON, Luís. Minha Cidade, Minha Saudade. Recife: Editora Universitária da UFPE, 1972.

WILSON, Luís. Minha Cidade, Minha Saudade. Recife: Editora Universitária da UFPE, 1972.

____. Minha Cidade, Minha Saudade. Recife: Centro de Estudos de História Municipal – FIAM, 1983.


segunda-feira, 18 de abril de 2022

O REINO DOS CANTADORES OU SÃO JOSÉ DO EGITO etc., COISA E TAL


Por: Carlos Alberto Cavalcanti

Um quarto de século vem marcar, em 2021, as comemorações alusivas à primeira edição do livro de autoria do saudoso professor José Rabelo de Vasconcelos, publicado em 1996, pela CEPE, obra com que proclama, alto e bom som, o seu amor incondicional à terra que lhe serviu de berço, assim como divulga a prática do Repente, com a autoridade de quem conhece o fundamento teórico e o manejo da métrica e das rimas que estruturam a poesia oral expressa nesse formato de poesia que representa um traço interligado às manifestações culturais da região do Pajeú, notadamente em São José do Egito, onde a Cantoria está sentimentalmente associada à vida do povo através das costumeiras pelejas que reúnem figuras antológicas da tradição do Repente e enraíza, no meio do povo, a continuidade dessa influência benéfica entranhada na história e nas emoções desse povo sertanejamente feliz, guardiões do Reino dos Cantadores, tendo São José do Egito como a capital desse império da viola e do verso.

Rabelo resgata e projeta essa riqueza da poesia oral através da exemplificação que constitui a estrutura do seu livro, onde, em torno de 75 páginas, ele vai descrevendo, passo a passo, as atribuições delegadas aos componentes desse Reino e, numa riqueza metalinguística, as variantes da composição poética com que se dá a peleja ou a apresentação solo. São, ao todo, 15 baiões.

A obra se agiganta, então, na medida em que expressa o vínculo telúrico do autor por sua terra, vínculo inseparável nas lembranças do autor, mesmo quando longe se encontrou por razões de estudo ou luta pela sobrevivência.

A biografia de Rabelo aparece já na segunda edição do livro, publicada em 2014, pela BAGAÇO (páginas 101 a 122), um acréscimo substancial e necessário, pelo que não nos alongaremos nesse detalhe.

Vale ressaltar que, por onde passou Zé Rabelo, em Pernambuco ou fora do estado, os traços potencialmente relevantes da ligação de Rabelo com a Educação, a vida jurídica e a política vão marcar cada metro quadrado de sua presença.

Rabelo foi dotado, pela natureza, da arte de falar. A oratória pedagógica, forense ou parlamentar são, sem dúvida, aspectos enriquecedores de sua personalidade forte e inquieta de homem corajoso e decidido.

Se não vestiu a batina para o exercício formal da vida religiosa, vestiu-se, contudo, do manto dos ensinos apostólicos de amor ao próximo, perdão e desapego às vaidades de bens materiais.

Seu patrimônio maior foi o cabedal de conhecimentos culturais – e desse ele poderia ser vaidoso – pois não tomou de ninguém, mas o construiu com suor e lágrimas.

Rabelo soube se portar diante das adversidades da vida pública. Seja quando não logrou êxito em candidaturas, seja quando, vitorioso, a truculência da Ditadura lhe tolheu a liberdade do exercício do mandato.

Lembro de Rabelo aqui em Arcoverde, candidato a prefeito pelo PMDB, um franco atirador, pois o artifício da legenda findou validando a candidatura do opositor, seu amigo Dr. Ruy de Barros. Mas Rabelo não perdia o equilíbrio e a elegância da disputa. Dizia ele no palanque: “A verdade não rui!” (num trocadilho irônico e crítico entre a eufonia verbal e nominal associada ao opositor do PSD).

Mas, como disse, deixemos as digressões biográficas de lado e retomemos a assertiva sobre a obra e o seu gigantismo. Além do aspecto telúrico que mantém Rabelo impregnado de lirismo e sonhos em relação a São José do Egito e adjacências, a obra presta um grande serviço cultural ao relacionar nomes pontuais entre os praticantes do Repente, aos quais ele designa pelo tratamento monárquico correspondente; quanto didático, na medida em que, com a habilidade intelectual e a sensibilidade poética que lhe são peculiares, Rabelo cuida em instruir o leitor sobre os fundamentos da poesia popular, demonstrando, na construção do poema, a ampla variedade de estruturação dos versos e das estrofes tanto quanto da métrica, de modo que o livro, além de encantar pelo lado artístico de projetar o torrão natal aos quatro ventos, também encanta pela concepção teórica e a demonstração segura e competente com que o autor vai ilustrando a narrativa poética. Sem dúvida, temos aí um curso sobre a criação poética pelo viés da poesia popular, herança europeia que se fixou nessas paragens sertanejas.

Assim, ele vai construindo, em cada baião, a narrativa poética que se torna envolvente e nos remete a uma profunda reflexão sobre a importância da preservação e divulgação cultural da experiência de um povo que, talvez, na ótica apressada de observadores destituídos de embasamento sólido sobre a região, não vejam além das notícias associadas às mazelas da seca, como é o que ocorre com o Nordeste desde os primórdios de sua existência geográfica e social.

Após um prelúdio intitulado LOUVAÇÃO DO PAJEÚ (p. 21), vem a parte que engloba os baiões, cada qual com uma epígrafe explicativa a que se refere. Evidentemente, o BAIÃO I trata de apresentar a cidade (sede do Reino Poético) que vai da página 23 até a 29, reunindo uma riqueza de informações geográficas, históricas, antropológicas, um documento de alto nível, digno de registro em Cartório. Do BAIÃO II até o IV (p. 30 a 38), há referências sobre o território que abrange o Reino, os integrantes da Dinastia e a população dos súditos.

No BAIÃO V (p. 39), expõem-se a legislação penal adotada pelo Reino, no BAIÃO XIII (p. 93 a 94) afirma-se sobre a Ciência do Reino e no BAIÃO VI (p. 42 a 44), destaca-se o aspecto ritualístico do Reino, condensado no Decálogo. Esse tema é retomado no BAIÃO X (p. 84 a 87) e no BAIÃO XI (p. 88 a 91).

O BAIÃO VII (p. 45 a 49), o BAIÃO VIII (p. 50 a 66), o BAIÃO XII (p. 92) e o BAIÃO XV (p. 96) são, respectivamente, onde o autor reúne, a um só tempo, a teoria e a prática sobre a criação poética manifesta na oralidade do Repente. Só um professor da envergadura de um Rabelo para proceder, com profundidade, a demonstração teórica que perfaz todo o caminho criativo das modalidades associadas às várias manifestações da Cantoria e, como é o caso do BAIÃO VIII, exemplificar cada caso com textos extraídos do repertório regional, criações fantásticas do homem simples e do poeta completo, resgatando, para o mundo, esse mundo impressionante da poesia popular construída com a maestria do improviso do mote e o desdobramento das estrofes irretocavelmente perfeitas na oração (a mensagem do poema), na métrica e na rima. O BAIÃO XII, por sua vez, desaprova peremptoriamente a quem canta versos decorados.

No BAIÃO IX (p. 67 a 83), o professor Zé Rabelo apresenta uma antologia humorística de piadas contadas ao sabor do improviso, característica muito acentuada no perfil desse Império Poético e no BAIÃO XIV (p. 95) há uma referência à morte do Faraó Lourival Batista (o terceiro da nobreza), mas, ao contrário de lamentações, diz o professor Zé Rabelo: “ mesmo assim se está contente/por não faltar sucessor/ vez que a muito cantador/capaz de ser Presidente [...] Faraó ou Presidente/à Nação não faltará/que o País dos Cantadores/para sempre viverá”.

Se não lhe foi possível, em sua terra querida, a criação de uma Faculdade, razão maior de se expor em campanhas municipais carregadas da desigualdade em relação ao poder econômico, Rabelo conseguiu, ao aportar em Arcoverde, ser Diretor da Faculdade local, exercer o magistério com aquela paixão literária que o fez um ícone regional na sapiência múltipla do domínio da LÍNGUA e da LITERATURA e, depois de uma batalha hercúlea diante da resistência dos setores competentes sobre a aprovação de disciplinas junto ao MEC, em Recife, conseguiu aprovar a inclusão de LITERATURA SERTANEJA na Grade Curricular da Faculdade, hoje, CESA – Centro de Ensino Superior de Arcoverde.

Que tais vitórias sejam reiteradas diante da comunidade acadêmica e do povo em geral, para registro histórico e incentivo a novas conquistas que deem continuidade, aqui e além, dos frutos de uma colheita que muito nos orgulha.

*(Texto escrito em 2021, para comemorar os 25 ANOS DA PRIMEIRA EDIÇÃO)

domingo, 27 de fevereiro de 2022

O POETA LEONARDO SILVA É O MAIS NOVO CIDADÃO BUIQUENSE


Por: Carlos Alberto Cavalcanti

A admissão de uma pessoa no rol da cidadania de um município é uma manifestação muito cristalina de que o indicado para tal fim está, de fato, não apenas morando na referida cidade, mas também atuando de maneira satisfatória no cumprimento daqueles pressupostos constitucionais do exercício in loco de sua cidadania.

domingo, 26 de dezembro de 2021

NÍSIA FLORESTA – 210 ANOS DO NASCIMENTO


Por: Carlos Alberto de Assis Cavalcanti

Ao professor: Raul Guilherme M. Silva – ETE – Jonas Costa)

Vou contar, num Cordel decassilábico, 
um pouco do que foi muito na vida
a vida de quem foi mui destemida
qual beduíno a pé em solo arábico.
Ela fez sabichão ficar estrábico
ao ler os seus escritos avançados
no tempo em que governos atrasados
e alguns homens machistas ditadores
proibiam às mulheres os labores
para além dos domésticos legados.

Era um tempo emblemático na História,
um século em ocaso e outro surgindo,
XIX abre a XX, que vem vindo,
os fatos que registram a memória
e definiram perdas ou vitória
da humanidade ao longo do percurso
em que o Poder ditou o seu discurso
e amordaçou a voz que vem do povo
por temer que surgisse algum renovo
iluminando as gentes no seu curso.

Revolução francesa: foi notório
o perfil masculino preservado,
teve o homem o Direito declarado
e à mulher um “direito” provisório,
quando então um panfleto decisório
contestou essa tal Declaração
pela voz feminina da Nação:
Olympe de Gouges ao cadafalso
e enfrentou com firmeza a cada falso
que lhe tirou a vida sem razão.

Resquícios de Colônia e Monarquia
demarcavam o Brasil de XIX,
o olhar patriarcal é que promove
a Lei que determina a mais valia
sobre a vida refém de quem podia
dar as ordens cabais e autoritárias
nesse tempo de vidas sedentárias
ou escravas, servis e submissas,
a ouvir catecismos lá nas missas
e nas casas as regras que eram várias.

Nasceu Nísia Floresta Brasileira
em Papari, no Estado Potiguar,
onde viu sua vida desaguar
mil sonhos entre a luta na poeira
do sertão onde a fé da rezadeira
faz pedido ao Divino pra que chova,
e a nuvem abençoada então promova
o aguaceiro que traz ao solo duro
o fruto que, crescido e já maduro,
ao povo dê sustança e à vida mova.

À frente do seu tempo, sempre Augusta,
cresceu Nísia Floresta educadora,
poeta, feminista e escritora,
que sonha uma Nação livre e robusta
que a divisão do pão sempre se ajusta.
Se a educação é livre, entre os patrícios,
em cada mesa o pão livra dos vícios
que sepultam as vidas infelizes,
pois não foram das letras aprendizes,
não fizeram na Escola os exercícios.

Família itinerante, segue o pai
que em Pernambuco mora e é assassinado.
Se vê o coração dela enlutado
e a família abalada logo vai
morar entre os gaúchos onde cai
mais uma vida amada da família:
o seu jovem marido. E ela, em vigília,
assume a direção de sua prole.
Para encontrar coragem, que a controle,
vai meditar à sombra de uma Tília.

Era um tempo de atraso e duras lutas
onde a mulher, sem voz, era oprimida
pela voz que soava desprovida
de Justiça, por crer nas forças brutas
dos mandantes nas casas ou nas grutas
que faziam valer, por meio injusto,
seus valores sem Lei a todo custo
pra fazer de uma prática machista
a mulher ser menor e ser mal vista
num contexto em que o homem se acha justo.

Como Lila Ripoll e Elvira Pinho,
uma gaúcha e a outra cearense,
Nísia Floresta assim também pertence
ao grupo que mudou d’água pro vinho
a História da mulher que deixa o ninho
onde as ordens impedem a inteligência
da mulher se fazer em evidência
no cenário da vida social
e no ceio da vida cultural
que evolui nas passadas da Ciência.

Primeira feminista do Brasil,
mulher protagonista e emancipada,
Nísia teve matéria publicada,
cujo assunto discute o ser servil
que era a mulher aos olhos do ser vil
nas culturas de tempos bem remotos;
logo estreia o seu livro em texto e fotos
e analisa os Direitos das Mulheres,
por que somente à casa os seus misteres
e sequer contam delas os seus votos?

São catorze obras suas numa lista
dos livros publicados na Editora,
nos quais o seu talento de escritora
confirma a sua veia de analista
dum Brasil de perfil capitalista,
migrando do rural pro mundo urbano
em que grupos disputam algum plano,
preferindo enricar do que educar,
e o Brasil ser ração pra manducar
nos manjares servidos ao tirano.

Onde Nísia passou em seu percurso
uma Escola fundou que manifeste
no Nordeste, no Sul e no Sudeste
a raiz do Saber em cada Curso
que à mulher implantou novo discurso
pra quebrar o silêncio a ela imposto
que a mantinha refém lá no seu posto
de Rainha do Lar, mas sempre escrava
do Rei-mor que mil regras lhe ditava
pra mantê-la a seus pés, sempre a seu gosto.

Nísia esteve um bom tempo na Europa
alargando os saberes e a escrita,
sempre atenta ao Brasil, vivia aflita
por saber que o Império e sua tropa
perseguia a cultura de quem topa
renovar as ideias sociais,
superando as barreiras raciais
entre os brancos, os índios e os escravos,
pois não há como ter heróis e bravos
onde muitos têm menos e outros mais.

Viu o amigo francês Auguste Comte,
com quem ela trocara tantas cartas,
e cidades onde há culturas fartas;
visitou a museus, sublime fonte
onde há sempre uma história que se conte
sobre a História dos povos noutras eras
em que alguns sucumbiram nas esperas
por um dia gozar da liberdade
e viver entre todos na igualdade
em que sejam as ações sempre sinceras.

Ao findar os seus dias lá na França,
ao mundo deixou Nísia seu legado
em cada livro seu já publicado
e em cada ensino seu que ao outro alcança,
pois Nísia foi a festa e foi a dança,
Floresta que nasceu lá no deserto,
Brasileira que faz valer o certo, 
Augusta nas ideias libertárias,
fez que as mulheres, mais que necessárias,
conquistassem o valor dantes incerto.

Papari adotou Nísia Floresta,
a filha empresta à mãe o próprio nome
para fazer valer o seu renome
e projetar a filha sempre em festa
pela vitória contra cada aresta 
que separou as vidas, no passado,
por um critério já ultrapassado
que o machismo vigente adotava
por temer a mulher que desbravava
novos tempos a cada passo dado.

Com prazer discorri, neste Cordel,
sobre a autora do livro dos “Direitos
das Mulheres”, escritos escorreitos 
qual faz um escultor no seu papel
ao talhar a escultura com cinzel,
verteu ela do Inglês a obra lida
de uma autora de lá, mui destemida.
Que Nísia, cuja vida celebramos
e a quem este Cordel lhe dedicamos,
receba esta homenagem merecida!

terça-feira, 9 de fevereiro de 2021

35 anos do Livro BAÚ DE ARCOVERDE de WILLIAM PÔRTO

Por: Carlos Alberto Cavalcanti*

Arcoverde é uma cidade bem dotada de memorialistas. Há uma boa bibliografia na qual seus autores enfocam – em prosa ou verso – suas reminiscências sobre pessoas e fatos que representam um mergulho no rio caudaloso da saudade de Olho D’Água dos Bredos, Rio Branco e, agora, Arcoverde.

Dentre essas obras, O BAÚ DE ARCOVERDE tem presença garantida na lista de leituras, posto que o autor, William Pôrto, cronista vocacionado desde os tempos que não passava de um Piolho, denominação carinhosa com que era tratado pelos muitos amigos de conversas avulsas, é um arcoverdense sentimentalmente agregado a essas lembranças.

Para a felicidade geral da Terra do Cardeal, William dispõe de uma memória extraordinária que, aliada ao talento para a redação minuciosa dos fatos, deu-nos, como produto final, esse livro fantástico que hora chega aos 35 anos de sua publicação inaugural.

Com certeza, a obra está a merecer uma nova edição para coroar esse longo tempo de existência, sobretudo porque livros assim não são expostos na vitrine das livrarias, sempre ocupadas em mostrar os chamados best seller, alguns elevados a tal destaque pela força do poder promocional que reúne, a um só tempo, escritores, editores e publicidade em favor de uma obra, às vezes, de pouco teor literário.

Mesmo em cidades maiores, há um descaso para com os escritores locais, cujos livros ficam num recanto de pouco acesso, enquanto lá na frente, as “obras” são expostas com requintes chamativos.

Lembro que a UBE, no Recife, encaminhou um veemente protesto aos proprietários das principais livrarias da cidade, no sentido de garantir um espaço respeitoso para com as obras de autores pernambucanos.

Ao abrir o BAÚ DE ARCOVERDE, o leitor vai encontrar uma coletânea de textos que escavacam nossas lembranças até o mais interior dos recantos. William, a exemplo de um explorador de pepitas, vai sacudindo sua peneira cuidadosamente, para que não se perca nenhum detalhe do relato colhido lá no fundo do baú da saudade.

A obra vem ancorada por comentários introdutórios. Logo nas orelhas, temos as palavras de Anna Karenine (filha de Wiliam) que, com a firmeza de quem leu os originais, confirma a desenvoltura do autor dos escritos: “são crônicas das mais diversas - relatos e descrições telúricas mescladas de humor e nostalgia”.

De fato, William é um escritor que se fez ao longo de inúmeras e variadas leituras de obras literárias. Construiu uma carga afetiva que vem refinada por essas leituras e pela interação constante com pessoas do seu círculo familiar e de uma vasta lista de amizades.

Tudo isso representa o seu histórico de vida que, com certeza, é bem mais amplo do que o histórico da rotina escolar. Tanto assim que, com base na soma dos textos publicados nos jornais por onde teve passagem, imperiosamente os amigos fizeram coro no sentido de que William reunisse o material num livro. Anna Karenine afirma: “William Pôrto, inegavelmente, é uma das maiores expressões do jornalismo interiorano”.

Um outro nome se levanta em defesa dessa afirmação, até porque um dos incentivadores para que essa publicação se tornasse realidade. Trata-se do também cronista Boanerges Pacheco, por muito tempo colaborador do Jornal de Arcoverde.

No prefácio do Baú de Arcoverde, Boanerges afirma sobre a construção da obra: “Repontam a singeleza criativa de oportuna mensagem, a autenticidade das palavras enxutas e o rico conteúdo de pensamentos calcados em reminiscências expressivas [...] nas referências a pessoas queridas e episódios relevantes”.

William Pôrto corresponde amplamente ao respaldo dessas opiniões na obra que agora chega aos 35 anos de publicação. Estruturada em quatro blocos, no primeiro deles temos 15 textos reunidos pelo subtítulo: BAÚ DO PASSADO. Abre essa lista: A CASA DO MAJOR (p. 13), talvez o mais intenso em dose de emoção, pois trata diretamente do ponto de partida da vida de sua família em Arcoverde.

Em seguida, dois textos tratam de sua vida escolar: GINÁSIO CARDEAL ARCOVERDE (p. 25) e A ESCOLA DE DONA LAURA (p. 45). São relatos confessionais de muita sensibilidade narrativo-descritiva com que William se refere a Dona Laura Rabelo, diretora da escola (onde William estudou antes de ir para o Cardeal) e ao padre Delson, já no Cardeal, onde ele elenca, com detalhes de um fisionomista profissional, as características dos professores da Casa.

O segundo bloco, com o subtítulo: NOSSA GENTE reúne, em 14 textos, descrições bem dosadas de detalhes quase fotográficos sobre personalidades variadas da comunidade. Mais uma vez William trabalha como um escultor que tem que entregar a encomenda contratada com a fidelidade correspondente ao modelo original.

Não há como não “ver” João Miudinho jogando bola em Sertânia ou exercendo sua atividade de advogado ou mesmo discursando na Câmara de Vereadores de Arcoverde, como está em: CAMARADA JOÃO MIUDINHO (p. 67).

Não há como não se “sentir” dentro da Tipografia Prima, de Napoleão Arcoverde, ali na Antônio Japiassu, cercado por caixotes de resmas de papel e aquele cheiro forte da tinta das máquinas impressoras que chegava às narinas logo ao entrar no recinto. Ali estava Napoleão: “pessoa fechada, dura, intransigente, séria”, assim o descreve William em: NAPOLEÃO DA PRIMA (p. 81).

No terceiro bloco, com o subtítulo: NOSSAS CAMPANHAS POLÍTICAS, William consegue nos levar para os comícios e passeatas que ocorriam naqueles tempos já guardados no BAÚ DE ARCOVERDE. Da lista que compõe essa seção, menciono: ÁUREO x GIOVANNI (p. 123), posto que reúne uma queda de braço entre duas forças de peso na História das campanhas políticas arcoverdenses. Década de 70 do século XX. Tempos difíceis na política.

O embate municipal estava acirrado. Mas a decisão veio mesmo do povão que se vestiu de azul e acompanhou o professor Giovanni rua a rua, bairro a bairro, em memoráveis e impressionantes passeatas. William, com a isenção de um jornalista, a despeito de que um dos candidatos era seu irmão, conta tudo.

Por fim, o quarto bloco intitula-se: ARTIGOS ESPARSOS e contém 16 textos. São oriundos de publicações já estampadas nas páginas de jornais regionais, também no Jornal do Commercio.

Vale a pena citar: CARTA AO ZÉ NINGUÉM (p. 159), texto inicialmente publicado no Jornal de Arcoverde (30/06/86), no qual William se dirige a um leitor hipotético e se abre com ele sobre a situação da vida em geral e da vida político-administrativa do País.

Há traços de lirismo e de indignação na fala do autor do texto (talvez uma voz coletiva aí acoplada à voz do narrador) que, igualmente, reverbera não aos olhos-ouvidos de um só leitor, mas se amplia a múltiplos olhos-ouvidos. A força do texto ultrapassa as fronteiras do tempo e parece ecoar na atualidade.

Concluindo, reiteramos nossa admiração pelo autor de BAÚ DE ARCOVERDE. Mesmo distanciados geograficamente, temos muito em comum nessa vinculação telúrica por Arcoverde de qualquer época.

*Carlos Alberto de Assis Cavalcanti, natural da cidade da Pedra – PE, nasceu em 28 de fevereiro de 1955, é casado com a sra. Jaci Ferreira Lira Cavalcanti; Professor do Centro de Ensino Superior de Arcoverde – PE, área de Letras. Mestrado pela UFPE. Autor de: Itinerário Poético – poesias – Menção Honrosa no Concurso Nacional de Poesias da Academia Pernambucana de Letras [2001]; Em 2012 recebeu o Título de Cidadão Arcoverdense. É detentor de vários prêmios nacionais nas modalidades: poesia moderna, sonetos e trovas. Tem poemas incluídos em diversas antologias nacionais, por conta de premiações em Concursos Literários. Associado à UBE (União Brasileira de Escritores); Membro Correspondente de Academias em Cachoeiro do Itapemirim – ES, Ponta-Grossa – PR e Rio de Janeiro – RJ; Delegado Municipal da UBT [União Brasileira de Trovadores]. 

domingo, 24 de janeiro de 2021

Estação das Lembranças de GIOVANNI PORTO (21 anos de um LIVRO DE MEMÓRIAS)

Por: Carlos Alberto Cavalcanti*

A obra veio a público em 2000. Autor: Giovanni Porto. Mais de 30 textos memoriais construídos com a qualidade estética e metódica de quem conhece a História e dela foi um protagonista de peso, seja no exercício do seu ensino nas escolas da cidade, seja quando fez História no exercício do mandato de prefeito arcoverdense, tendo deixado, nas duas atividades, um legado de inestimável valor para o município.

O livro traz, no prefácio, a palavra abalizada de um grande das Letras pernambucanas, o escritor e médico Rostand Paraíso, do Recife, cronista conceituado, falecido em 2019. A partir da própria capa, onde uma bela e saudosa foto mostra um flagrante da Estação de Trem Barão do Rio Branco, passando pela leitura do sumário, que serve de entrada nessa viagem de volta ao passado, o livro projeta, no leitor, as lembranças do autor. Há como que um encontro marcado entre autor e leitor numa sequência de lembranças introjetadas na larga vivência do autor e compartilhadas com leitores de todas as idades.

Ao anunciar que “nestas páginas se encontram apenas pensamentos e lembranças”, o autor prepara o leitor para acompanhar o seu trajeto memorialista que preliminarmente se organiza em três blocos distintos da escrita do professor Giovanni Porto. Num primeiro momento - ou na primeira metade do livro - há uma reunião de textos reflexivos, nos quais o autor se detém sobre conjecturas existenciais, com uma forte carga emotiva recheada de nuances filosóficas. Diz Giovanni que “os ascetas rirão dessa autoindulgência” com que se vê enredado após assumir esse olhar filosófico sobre a vida.

Em seguida, o autor se ocupa diretamente em ajustar a criação textual à sensibilidade que lhe é peculiar, passando ao registro das lembranças que lhe ocorrem e são responsáveis pela pulsão das emoções. Diz ele: “O escritor é, também, um narcisista, a olhar-se demoradamente no seu espelho”. Não está só, pois o Dr. Rostand Paraíso, prefaciador do livro, afirma ter um “gosto proustiano pelo passado”.

Então, procede a afirmação de Giovanni Porto ao dizer: “Aqui cravo as minhas estacas e armo a minha tenda”. De modo que, disposto a “viver sem a sofreguidão do desespero e sem a inatividade da melancolia”, Giovanni escreve com a firmeza literária de um cronista experiente, atento aos ditames da Língua e, sobretudo, senhor do trânsito entre as palavras e sua sinuosidade semântica.

Assim, logo à página 48, Tempo do Big Brother, ele abre suas confidências memorialistas referindo-se ao Recife do seu tempo de estudante, tema que reaparece em A Pensão de Nana, página 53. Mas é a partir de Rio Branco, página 69, que o autor se volta diretamente para as memórias arcoverdenses, assunto tratado em mais 15 textos que são antológicos pelo grau de profundidade histórica e sentimental.

Giovanni nos transporta, com seu jeito de narrar abrindo o coração, ao exato momento do que é relatado, e nos inclui na narrativa, uma vez que nos faz reféns de sua saudade. Seria redundante tentar exemplificar tal sensação com uma ou outra citação, pois todos os textos são fortemente carregados por esse estado de retorno ao passado.

Mas não há como omitir que a leitura de A Farmácia do meu tio (p. 97), quando se refere ao Sr. Florismundo e aos caixotes contendo remédios e folhinhas (calendários distribuídos no final de cada ano), reafirma a fugacidade do tempo, para o qual não há remédio que cure; ou ao ler na página 105: Estação Barão do Rio Branco, parece que estamos ali na plataforma, a olhar o entra e sai de gente, a ouvir o apito da partida do trem que até hoje não teve volta... e, por fim, vale ressaltar o texto em que o autor se refere À Imagem Perdida, página 100, onde arranca do fundo do seu coração a saudade um tanto confusa, e talvez por isso ainda mais triste, pois tinha menos de 4 anos quando sua mãe morreu. Helena Rodrigues Porto, ainda tão jovem, partiu e deixou o menino sem poder contar com o abraço maternal, com a palavra aconselhadora. Com razão, diz o autor: “Hoje é que vejo a falta que ela me fez”.

Estação das Lembranças é, portanto, um livro que merece ser lido quase como um diário achado numa gaveta de um velho armário ou um bilhete resgatado de uma garrafa que boia no mar. São reminiscências que apresentam o talento literário do historiador e conta a História com a tonalidade do afetivo.

Vale a pena ler!

*Carlos Alberto de Assis Cavalcanti, natural da cidade da Pedra - PE, nasceu em 28 de fevereiro de 1955, é casado com a sra. Jaci Ferreira Lira Cavalcanti; Professor do Centro de Ensino Superior de Arcoverde - PE, área de Letras. Mestrado pela UFPE. Autor de: Itinerário Poético - poesias - Menção Honrosa no Concurso Nacional de Poesias da Academia Pernambucana de Letras [2001]; Em 2012 recebeu o Título de Cidadão Arcoverdense. É detentor de vários prêmios nacionais nas modalidades: poesia moderna, sonetos e trovas. Tem poemas incluídos em diversas antologias nacionais, por conta de premiações em Concursos Literários. Associado à UBE (União Brasileira de Escritores); Membro Correspondente de Academias em Cachoeiro do Itapemirim – ES, Ponta-Grossa – PR e Rio de Janeiro - RJ; Delegado Municipal da UBT [União Brasileira de Trovadores].

segunda-feira, 15 de junho de 2020

Crônica: TEMPOS SOMBRIOS

Fonte/Imagem: Jornal A Bigorna
@OficialCarlosAlbertoCavalcanti

Paira no ar um silêncio sepulcral. Não há como escrever uma crônica nos dias atuais de confinamento e apreensão. As ideias se diluem em meio ao clima de desconfiança que cerceia a capacidade de criar algum texto de entretenimento ou leve digressão sobre a vida ou algum acontecimento cotidiano.

sábado, 6 de junho de 2020

ARCOVERDE: A CALÇADA FICA DESCALÇA SEM SEU "NATAL"


OS SAPATEIROS

Os sapateiros da Av. Japiassu se arranjam nas calçadas em seus ateliês à espera de clientes. Uns chegam trazendo sapatos bem rodados na vida dura de quem anda sempre a pé; já carregaram exaustivamente seus donos rua afora, querem um novo solado. 

Os sapateiros têm seus truques para restaurar velhos sapatos que já deixaram muitos rastros pelas ruas da cidade e, agora, gastos, pedem clemência. 

sexta-feira, 8 de maio de 2020

Recortes (em PROSA e VERSO) da HISTÓRIA DE ARCOVERDE

Por: Carlos Alberto Cavalcanti

ANO 2018

A memória é um dos alicerces que dá sentido à vida. Com uma cidade não é diferente. Preservar a memória da sociedade e sua vivência no núcleo urbano é manter a cidade viva e uma forma de fortalecer sua identidade. Na Geografia Crítica Milton Santos já advertia para a importância do Lugar como ponto de partida para se conhecer e entender a sociedade. Lugar: é uma categoria muito utilizada por aqueles pensadores que preferem construir uma concepção compreensiva da Geografia. Grosso modo, o lugar pode ser definido como o espaço percebido, ou seja, uma determinada área ou ponto do espaço da forma como são entendidos pela razão humana. Seu conceito também se liga ao espaço afetivo, aquele local em que uma determinada pessoa possui certa familiaridade ou intimidade, como uma rua, uma praça ou a própria casa. É o lugar que identifica nossas raízes, por isso essa identidade é quem nos faz sentir a saudade quando dela nos afastamos.

Assim, para que essa memória seja preservada, é preciso conservar fotos, documentos, objetos e organizar os registros dos fatos. Os erros e acertos do passado ajudam a entender o presente e a planejar ações futuras. Também é preciso olhar para as pessoas, pois a história local é uma construção que traz em si as marcas dos sujeitos que dela fazem parte.

[Bloco II]

Desse modo, o uso da escala temporal em conjunto com escala espacial é fundamental para entender a História. A escala espacial diz respeito à dimensão do objeto, se um país, um estado ou um município. Na escala menor, no municio, se dão os acontecimentos do cotidiano, levando a escala temporal que elucida o passado e rege o presente. A escala temporal é quem vai organizar os fatos cronológicos, mostrando como ocorreu a sequência dos fatos.

Muitas vezes os Professores de História se deparam com uma realidade não muito plausível de que grande parte dos alunos não conhece a História de sua comunidade, de seu município ou seu estado, prendendo-se apenas à História nacional, desvinculada da sua realidade local e de seu contexto histórico local. Esse problema causa o desinteresse dos alunos pela História e por outras disciplinas que eles não consideram importantes, justamente pelo fato desses alunos não se sentirem inseridos nessa História ou no processo histórico ao qual essa História se constrói.

Assim, considerando a escala espacial, no mundo (Planeta Terra), na América do Sul, no Brasil, no estado de Pernambuco, na Mesorregião do Sertão Pernambucano, Microrregião do Sertão do Pajeú, que engloba os municípios de Betânia, Custodia, Ibimirim, Manari, Inajá e Arcoverde, objeto de estudo dessa pesquisa de memória.

[Arcoverde - Pernambuco]

Em Arcoverde, quem vem construindo o acervo que preserva a memória de Arcoverde é Carlos Alberto Cavalcanti, mas, de uma maneira diferente, com prosa e verso e imagens. Carlos Alberto de Assis Cavalcanti, e-mail: cajaprof@hotmail.com, é pedrense de nascimento e arcoverdense por adoção, casado com a Sra. Jaci Ferreira Lira Cavalcanti. Professor universitário do Centro de Ensino Superior de Arcoverde – PE, atua na área de Letras, daí sua dedicação à prosa e verso. Cursou Mestrado em Teoria da Literatura - na Universidade Federal de Pernambuco - UFPE, é autor da obra Itinerário Poético – poesias – obra que recebeu Menção Honrosa no Concurso Nacional de Poesias da Academia Pernambucana de Letras (2001); e outras várias premiações nacionais em concursos de poemas, sonetos e trovas. Foi laureado com a Medalha Machado de Assis pela Academia de Letras e Artes Rio – Cidade Maravilhosa – Rio de Janeiro – RJ; da qual é membro correspondente, assim como também é membro correspondente da: Academia Cachoeirense de Letras – Cachoeiro do Itapemirim – ES; Academia de Letras e Artes de Ponta Grossa – PR. Delegado Municipal da UBT (União Brasileira de Trovadores). Sócio da UBE (Recife).

Em 2018, publicou o artigo RECORTES EM PROSA E VERSO DA HISTÓRIA DE ARCOVERDE, disponível nesse blog. Para baixar e conhecer essa obra ainda inédita em publicação física, você deve clicar nesse link na palavra Download em negrito. Baixe agora: (Dowloand).

[Referências]:

CAVALCANTI, C.A. Recortes Em Prosa E Verso da História de Arcoverde, 2018.

SANTOS, M. Natureza do Espaço: Técnica e Tempo, Razão e Emoção / Milton Santos.2000.

PENA, Rodolfo F. Alves. "Categorias da Geografia"; Brasil Escola. Disponível em: https://brasilescola.uol.com.br/geografia/categorias-geografia.htm. Acesso em 13 de janeiro de 2020.

Informações: https://natalgeo.blogspot.com/ 

terça-feira, 6 de junho de 2017

GOVERNADOR VISITA MENINA QUE SALVOU LIVROS DA ENCHENTE E ENTREGA CÓPIA DO POEMA ESCRITO PELO PROFESSOR E ESCRITOR CARLOS ALBERTO

Divulgação - Assessoria de Imprensa
Durante visita a menina Rivânia Rogéria dos Ramos Silva, nesta segunda-feira (05/06), o governador Paulo Câmara entregou uma cópia do poema escrito pelo professor e escritor Carlos Alberto Cavalcanti, que em belíssimas palavras expressou sua gratidão ao lindo gesto da menina de oito anos, moradora do distrito de Várzea do Una, zona rural do município de São José da Coroa Grande, Mata Sul de Pernambuco.

O POEMA PARA ABRAÇAR RIVÂNIA, ganha destaque a cada dia nas redes sociais, emocionando até os mais duros corações, mostrando a sutileza da escrita bem planejada, objetivada em favor de algo digno de elogios. Com isso surgem perguntas: O que você escolheria para salvar de enchente do dia a dia? Qual o teu objetivo? O que você define como sendo prioridade na sua vida?Por maior que seja a dificuldade, temos que ter sempre em mente objetivos concretos, são estes que nos guiarão por um longo caminho. Nossas escolhas refletem nossos atos. 

"Ninguém caminha sem aprender a caminhar, sem aprender a fazer o caminho caminhando, refazendo e retocando o sonho pelo qual se pôs a caminhar". Paulo Freire

sexta-feira, 28 de abril de 2017

1ª Semana Literária Saberes e Sabores mobiliza estudantes das escolas municipais

Começa nesta terça-feira, dia 02 de maio, às 14h, a 1ª Semana Literária Saberes e Sabores da Cultura Nordestina, uma iniciativa da Secretaria de Educação da Prefeitura de Arcoverde, que vai ser realizada na Biblioteca Municipal. Até a sexta-feira, dia 05, haverá uma programação com muita música, contação de estórias, poesia e cantadores populares. A Semana vai ser encerrada com o lançamento do projeto Ecofuturo, que terá como tema “Mãe Natureza, Leitura, Música e Poesia”.

Para o primeiro dia, já estão confirmadas a presença dos poetas e cantadores Márcia Moura, Elizabete Moura, Leandro Vaz, Rafael e Inaldo Tenório. Na quarta-feira, dia 03, a partir das 8h30, a festa começa com as poesias do professor Carlos Alberto, seguido de Edvaldo Lima e Edilza Vasconcelos.

quarta-feira, 22 de fevereiro de 2017

Escritor e professor arcoverdense é "Medalha de Ouro" no VI Concurso Nacional Literário Oliveira Caruso 2017

O escritor e professor arcoverdense  de coração e pedrense de nascimento Carlos Alberto Cavalcanti, continua sua rotina de premiações e destaques no cenário nacional, desta vez o mesmo foi premiado com a Medalha de Ouro na categoria "Poesia",  no "VI Concurso Nacional Literário Oliveira Caruso 2017" - Rio de Janeiro.

As inscrições ocorreram entre os dias 05 de dezembro de 2016 e 08 de janeiro de 2017, o tema era LIVRE. Porém, não eram aceitos textos que ofendessem crenças, orientação sexual, cor/raça e que denotassem outros tipos de ofensas.