A COLUNA DESTA SEMANA É O LIVRO “MEU AMOR DA RUA 11”, DO ESCRITOR ANGOLANO - AIRES DE ALMEIDA SANTOS

Por: Beni Dya Mbaxi*

Aires de Almeida Santos nasceu em 1922, no Chinguar, tendo falecido em 1992, em Benguela. Após os estudos liceais, viria a ser guarda-livros e jornalista, colaborando em diversas publicações: Estudos Ultramarinos, Jornal de Benguela, O Lobito, Planalto, Mensagem (CEI), Província de Angola e Jornal de Angola. O seu compromisso com valores sociais, em defesa da liberdade e de independência, valeu-lhe a deportação na década de 50, acabando por ser preso. Libertado nos finais, figurando em diversas antologias: Antologia de Poesia Angola, Poetas Angolanos, Literatura Angolana de Expressão Portuguesa e Poesia Africana di Rivolta e outras. A sua obra “Meu Amor da Rua Onze (1987) recebeu o Prémio Nacional de Literatura da UEA em 1988. 

Sobre o Livro

É um livro com apenas 63 páginas, dividido em 4 capítulos, esta edição faz parte dos onze clássicos da literatura angolana. Esta obra, foi em escrita em 1987, e conquistando assim o troféu da literatura nacional da UEA “União dos Escritores Angolanos”. 

Esta obra poética, apresenta uma diversidade temática do Eu-lírico que não foge muito do Eu-autor. Os poemas apresentam uma linguagem simples, isso, foi uma das coisas que mais me encantou neste maravilhoso livro, realçando que a mesma está dividida em quatro capítulos, no primeiro capítulo, o Eu-lírico começa falando da dor e a saudade que sentia de sua filha e dos seus amores antigos, enquanto estava detido numa das cadeias de luanda em 1966. 

… A minha filha / A dor, o desespero / Deixa chorar meus olhos / Deixa comigo / O peso do sonho tão antigo/ para ti, querida / paz, amor, ternura…

Por tua culpa, Mulata / Meu coração anda atoa / Pois sei que foi causa disso / O feitiço do teu corpo…

Nos trechos acima, vimos os desesperos do Eu-lírico e a sua angústia de estar distante das pessoas que amava ou desejava. No próximo capítulo, o Eu-lírico depara-se de novo com a saudade, e espanta-se com a transformação da sua terra. Como o meu bairro mudou/ Como o meu bairro está triste / Porque a mulemba secou…

O Eu-lírico que não se distancia muito do Eu-autor da ênfase a “Saudade” seguindo dizendo… Tenho saudades, meu Deus / Tantas, tantas que nem sei / Como me cabem aqui…

No próximo capítulo, o Eu-lírico fala da esperança de voltar a ver a alegria em sua terra e os sorrisos nos rostos dos seus irmãos (Angolanos) e também questiona a todos dizendo… (Quem?) não gosta da maravilha que a natureza proporciona ou da grande oferta de Deus? 

No último capítulo, o Eu-lírico fala dos seus amores e um deles é o seu famoso. “Meu Amor da Rua Onze” que deu assim o título ao livro.

“Tantas juras nos trocámos 
Tantas promessas fizemos,
Tantos beijos nos roubamos
Tantos abraços nos demos 
Meu Amor da Rua Onze” …

Este livro, é uma obra que recomendo a todos! Voltaremos nas próximas oportunidades com mais Dicas de Leituras. “Quem lê, é um bom emissor”.

*Beni Dya Mbaxi, pseudônimo de Bernardo Sebastião Afonso. Jovem Escritor Angolano, nascido em Luanda, aos 28 de Maio de 1997, estudante universitário no Curso de Língua Portuguesa e Comunicação, na Universidade Metodista de Angola.

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