O FUTURO EM NOSSAS MÃOS


"...Um dia quando o Sertão
se preparar pro saber
Da carta do ABC
e dominar toda ciência
Terá auto suficiência
Será do mundo um celeiro
Profetizou Conselheiro
Há muitos tempos atrás
O nó enfim se desfaz
É tempo de redenção ..."
(Flávio Leandro, in utopia sertaneja)

Por Josessandro Andrade

O que tem a ver, a Transposição do Rio São Francisco e a Ferrovia Transnordestina, com a obra do Poeta Ulysses Lins, o legado do Padre Christiano Jacobs, o trabalho dos professores sertanienses de mãos dadas com as lideranças e autoridades para conquista do Campus da UFPE, a apontar um futuro de opulência pra Sertânia? Tudo! Haja visto que as coisas não são isoladas uma das outras, e ligadas e articuladas mostram que nada é por acaso e que as conexões frutíferas são produzidas pelas mãos e mentes que buscam o  bem da coletividade, numa gradação cronológica, combinando a mobilização social para conquistas imprescindíveis para transformação do nosso  meio: utilização de recursos naturais  de forma racional, a abundância da   água, e a proliferação do  saber e da ciência. Ao longo da evolução histórica de Sertânia vamos perceber como a consciência de nosso povo buscou este caminho, tendo a literatura, a música , as artes e a cultura da cidade como parceiros e sujeitos deste processo.

Com a chegada do trem , através da Great Western, companhia inglesa , substituída depois pela RFFSA- Rede Ferroviária Federal Sociedade Anônima, em 06 de junho de 1933, o município de Alagoa de Baixo (Hoje Sertânia), que até então limitava-se a rua Velha, ruas do Juá, Quintino Bocaíuva, Frei Caneca, Francisco Alves e Adjacências, depara-se com um surto de crescimento econômico impressionante: o desenvolvimento veio com a industrialização, através das desfibradoras de Caroá, das usinas de algodão e fábricas de doce e café, lojas de veículos da Ford e outras várias. A expansão urbana foi natural, surgindo novos bairros, avenidas e ruas.  Ponta de linha da estrada ferroviária, Sertânia durante cerca de dez anos foi ponto de embarque de mercadorias e passageiros da  região do Moxotó-Ipanema, Pajeú e Cariri paraibano. Este possesso é interrompido com o advento da fibra da nylon , fazendo com que a fibra do Caroá entre em declínio e o aparecimento da praga do bicudo, que dizimou a produção algodoeira no Nordeste.

O Mestre da Poesia Ulysses Lins, O Trovador do Sertão, como poeta visionário, que enxergava a frente de seu tempo, profetizou num poema escrito e publicado entre os anos 30 e 40, “O Sertão no futuro”, a hidroelétrica de Paulo Afonso-BA, a transposição do Rio São Francisco , a Ferrovia Transnordestina e o acesso do sertanejo a educação.

A transposição aparece assim nos versos do sonho de Ulysses:
“...Quando os grandes açudes, transbordando
Forem se pondo em comunicação
- a água sempre a correr, torcicolando,
No álveo dos rios secos do Sertão.

Quando ao Nilo do Egito Sertanejo
Abrirem-se os canais marginalmente,
Irrigando-se as terras que ali vejo
Abandonadas criminosamente...”

Já  a Ferrovia Transnordestina é pregada por Lins  com esperança:

Quando nos trilhos a locomotiva
Resfolegar-se por todas as quebradas
Revelando ao Nordeste a chama viva
Do progresso esplendentes alvoradas

E a Hidroelétrica de Paulo Afonso, uma ideia de Delmiro Gouveia, que esteve hospedado na Casa dos Góis, na Rua Velha, em Alagoa de Baixo, hoje Sertânia :

Quando a forte caudal de Itaparica
- Ah sem freios a rugir Titânica-
Transformar em região fértil e rica
- um deserto ao controle da mecânica.

E Paulo Afonso, á ação da engenharia, 
converter-se no dínamo potente
a espalhar a riqueza da energia
que há milênios oculta avaramente...

Ulysses Lins, além de ocupar como escritor a cadeira nº 01 da APL- Academia Pernambucana de Letras e representante de Pernambuco na Federação das Academias de Letras do Brasil, foi deputado federal (inclusive Constituinte em 1946), e como tal idealizou e criou em 1949, o Ginásio Olavo Bilac, convencendo seu filho Etelvino Lins, governador de Pernambuco, a construir o prédio, e  convidando o médico Abílio Monteiro, o advogado e escritor Ubirajara Chaves, e o poeta e professor Waldemar Cordeiro para serem fundadores da instituição. A intenção dele era fazer com quem seus conterrâneos tivessem o “pão da instrução”, como defende em outra versão do mesmo poema, no seguinte trecho :

“ ... E em cada canto se erguendo-se uma escola
- Sertanejo nenhum sem saber ler;
A trabalhar sem pedir esmola,
A produzir para se engradecer;...”

Posteriormente, o sobrinho-neto de Ulysses, José Etelvino Lins, conseguiu com que a escola fosse incorporada a rede pública estadual, com ensino gratuito e ainda contando com o curso profissionalizante de Normal Médio (Magistério). Vozes como os professores Arlindo Ferreira dos Santos e João Arruda de Queiroz também fizeram parte da Gestão em conjunto, além de lecionarem no curso noturno profissionalizante de Contabilidade.

Vindo de Kessel, na Holanda, veio parar em Sertânia, o Padre Christiano Marrie Jacobs, chegando nas terras daqui por volta de 1966. Era um padre que fugia completamente aos padrões locais em relação a figura de sacerdote. Christiano não andava de batina como Monsenhor Urbano, Vigário tradicionalista do clero local, circulava de lambreta, fazia festas com os jovens em sua residência. Bebia, fumava, jogava futebol... dava aulas no Ginásio Olavo Bilac, onde posteriormente tornou-se diretor. Ali construiu um dos maiores legados educacionais de Sertânia. Nos anos 70, trouxe o Ensino Médico Cientifico, preparatório para o vestibular. Na primeira turma, concluinte no ano de 1978,  11( onze) alunos passaram em primeiro opção, no vestibular unificado (UFPE/ UFRPE e UPE), surpreendentemente sendo três em Medicina. Minha irmã Joselaine Andrade, hoje aposentada , e residindo em Lisboa, Portugal, foi uma delas. Na turma, professores de Nível extraordinário : Cyro Galindo Araujo (Matemática, Física, Química), Rocilda Soares( Língua Portuguesa), Linda Mayer (Inglês), Ivan Lima( Biologia), Lúcia Medeiros (Geografia), entre outros. Alunos de peso , muito bem sucedidos a posteriori: Ana Barbosa, Paulo Patriota, Mário Rômulo, Gilberto Cosme (Gyba), Benilda Araujo, Paulo Neves, Zuza do Padre... este trabalho do Padre com as equipe fez de Sertânia, a cidade interioana , campeã na aprovação de vestibulares no Recife. O padre sabia, que a formação escolar tem que ser integral, por isto fez questão de investir nos esportes e na cultura: com meu tio José Júlio Batista (Zina) o CEOB- Colégio Estadual Olavo Bilac- tornou-se penta- campeão pernambucano de handebol feminino , cuja equipe destacavam–se Laca, Risolene e outras craques, levando Zina a  ser escolhido Treinador da seleção pernambucana de Handebol feminino, obtendo o 5º lugar nos jogos brasileiros, até hoje a melhor colocação do estado. Na música, Christiano Jacobs fez questão de Levar para trabalhar na escola , como professor de educação musical: o compositor e Maestro Francisquinho, que nos anos 50 / 60  havia construindo um legado de potência musical com a famosa orquestra Marajoara , até o ano de 1969. Em 1974, a partir das atividades musicais de Francisquinho, aos poucos foi se formando, além da banda marcial , a bandinha musical, que gradativamente foi recriando a Orquestra Marajoara, Só que numa segunda versão, revelando para música , talentos como Cristina Amaral, Walmar Belarmino, Antônio Amaral, Lailton Araujo, Andrade de Sertânia (Jacildo), Jairo Araujo, Renildo Siqueira (Gripa), Deodato, Gabriel Oscar, Gyba, Apriginho, entre outros.  O Padre comprou  praticamente todo o instrumental de seu  bolso. Era uma entusiasta da juventude , do conhecimento, do esporte e da arte. Notabilizou-se em Sertânia, também como um tocador de obras e projetos: Duas quadras esportivas, construídas com doações, o Centro Comunitário Maria Lígia, entre outros. No Documentário “Nassau do Sertão”,o professor e músico João Lúcio, que foi seu coroinha, ressaltou a preocupação que Christiano tinha com a questão da falta de água em nossa região , sobretudo o não aproveitamento das águas de chuvas. O Padre tinha visão de futuro. 

Na década de 1980 , Sertânia  deparou-se com um período de muitas dificuldades no campo econômico e na vida social.  O fim do ciclo do caroá e a dizimação do plantio e indústria do algodão deixou um vazio na economia da cidade. O Trem de cargas e passageiros encerra suas atividades, ostentando a crise do transporte ferroviário no país, fruto da opção da ditadura militar pelo estímulo ao transporte rodoviário.  Há tempos atrás, deparei-me nos arquivos da Casa da Cultura de Sertânia Waldemar Cordeiro, com um exemplar do Jornal Gazeta de Sertânia, que fundei com amigos, no ano de 1986. Nele  encontrei  as preocupações do jornal naquela época: A construção do contorno viário , para solucionar o problema do tráfego rodoviário de veículos pesados pelo centro da cidade, que precarizava o calçamento,  a instalação de um emissora de rádio local, a estruturação do estádio de futebol Odilon Ferreira, com gramado, alambrado e iluminação (ante o relativo sucesso da Seleção sertaniense na copa do interior de 86), como reivindicações da opinião pública  da cidade na época. Vale ressaltar neste momento o trabalho desenvolvido pela professora Aparecida Freire Pinheiro, secretária municipal de educação (Gestões dos prefeitos Sinval Siqueira e Marcelo Lafayete), que com  sua coragem e tenacidade, implantou o Ensino Fundamental Maior e posteriormente o Ensino Médio, nas modalidades científico e Magistério, nos Distritos , povoados e algumas comunidades da zona rural. Ela sabia que a qualidade de ensino só veria depois da universalização da educação básica.

A partir da ascensão de Eduardo Campos ao Governo de Pernambuco, a política pública de Escola Integral aos poucos foi sendo implantada no Estado. O Professor Alvaro Góis, na EREMOB- Escola de Referência em Ensino Médio  Olavo Bilac,  iniciou um trabalho voltado para expedição dos documentos dos alunos, visando a inscrição dos mesmos em vestibulares das universidades públicas, e puderem participar dos programas de financiamento educacionais como PRONI e FIES. Além disso, desenvolveu uma rede de apoio voltado para a formação de grupos de estudo, estudo orientado, atividades de reforço, entre outras. Desta forma, Sertânia, através deste trabalho voltou a ter aprovação recorde de alunos nos vestibulares de universidades públicas.  Paralelamente, implantamos o FLIS – Festival Literário do Sertão, onde trabalhamos em sala de aula as obras dos escritores sertanienses, poetas e prosadores, objetivando desenvolver atividades extra-classes com o resultado destas leituras. Os bons resultados não demoraram : o aumento do números de empréstimos de livros na biblioteca da escola,  consequentemente  a melhora do nível de leitura, compreensão, interpretação e escrita de textos, sobretudo nas redações, e a adoção do projeto por parte de outras escolas, como verdadeiras extensões:  A Escola Professor Jorge de Menezes (FLIS Literatura infantil), Escola Municipal Etelvino Lins (FLIS Literatura de Cordel) e a Escola Amaro Lafayete.  Além de debates  para interação de autores locais com os estudantes, o projeto desenvolveu oficinas, lançamento de livros, palestras, exposições, Feira de livros, recitais, cantorias de viola, e a Caminhada poética, onde poetas, professores e alunos saiam declamando poemas pelas ruas da cidade, em carro de som com um cortejo. Este projeto FLIS há exatos 15 anos recebeu o Prêmio Nacional Viva a Leitura (2009), do Ministério da Educação e Ministério da Cultura, Fundação Santilianna, em cerimônia no Museu da Língua Portuguesa, na Estação da Luz, em São Paulo-SP, sendo destaque nos grandes jornais de todo o país. Ainda em 2006, o nosso trabalho foi referência no filme “Poetas de repente”, de Hilton Lacerda, documetário , realizado pela Fundação Joaquim Nabuco, exibido pela TV Escola e distribuído prá mais de 50 países. 

Por esta época , Therezinha Lins, professora da UERJ- Universidade estadual do Rio de Janeiro, psicóloga, pedagoga e escritora, que trabalhou com o educador Anísio Teixeira, nas primeiras experiências de educação integral da América do Sul,que já mantinha diálogo com o escritor e  professor da UFPB- Universidade Federal da Paraíba- Fernando Barros Patriota, Antônio Jorge de Siqueira, professor da UFPE e Marcos Cordeiro, poeta , dramaturgo e artista plástico, para articular um resgate da obra de Ulysses Lins, seu pai, iniciou contatos com o movimento cultural sertaniense , visando não apenas , esse resgate, mas a difusão da literatura Ulysssiana e contribuir também na educação local. Therezinha Lins fez a parte dela, com a contribuição de Leonardo Lins , seu sobrinho, reeditou os livros do pai e lançou novos, em eventos no Rio de Janeiro, na Academia Pernambucana de Letras (Recife) e  em Sertânia, fazendo com que a obra literária do “Patriarca da Literatura sertaneja” voltasse a ser destaque na cena cultural do Sertão do Moxotó-Ipanema, em Pernambuco e no Brasil. Em Parceria com a ACORDES- Associação Cultural de Sertânia e SAPECAS- Sociedade dos Poetas, Escritores, Compositores e Artistas e Sertânia, Theresinha Lins realizou o Prêmio Ulysses Lins(2010), voltado para alunos da Escola Olavo Bilac, premiando com notebooks nas categorias de redação e poesia, os melhores trabalhos sobre a obra de Ulysses. Participou ainda de uma edição do FLIS  dedicada ao mesmo, além de seminários, saraus e encontros, sendo o último destes o Festival Ulysses Lins, celebrando os 130 anos de nascimento e 40 aos de saudade, na Rua Velha, em frente a Igreja Matriz. Entusiasta da causa educacional, foi a madrinha da primeira turma de Concluintes do EREMOB- Escola de Referência em Ensino Médio Olavo Bilac, em 2011. Frisava que sempre que fosse necessário, estava pronta para colaborar com a educação  e a cultura de Sertânia, sem esconder que o grande sonho do “Trovador do Sertão” era que Sertânia e os seus filhos tivessem uma instituição de ensino Superior.

Nos anos de 2010, 2011, O professor e Músico João Henrique Lúcio, juntamente com Luiz Pinheiro, Izidoro Simões e outros assume a direção da ACORDES – Associação Cultural de Sertânia.  Através da retomada da Semana Estudantil de Artes de Sertânia, foi estabelecido o contato com o Escritor e professor Dr. Antônio Jorge de Siqueira, professor titular da UFPE-Universidade Federal de Pernambuco. Jorge havia sido Chefe do Departamento de História, o homem da Universidade que foi escolhido para elaborar os projetos que concederam a Nélson Mandela e Luiz Inácio Lula da Silva , os títulos de Doutor Honoris Causis, entregues em nome da UFPE  em cerimônia solene. Antônio Jorge passou  a lançar seus livros na Semana Estudantil , no FLIS  eventos da ACORDES, e a estabelecer forte vinculo com os educadores , artistas e miltantes da cultura de Sertânia. Na Casa da minha madrinha Rejane Cavalcanti, esposa de Valdecir Jorge ( irmão de Antônio ), no sítio Santa Luzia, passaram a ser realizadas noitadas agradáveis, verdadeiras tertúlias, onde entre música e poesia, vinho e carne de bode assado, se discutia temas políticos , culturais e literários, mas sobretudo o futuro de Sertânia,imaginando como aproveitar o ensejo do Município sediar quatro barragens do eixo-leste da Transposição do Rio São Francisco, personalidades como o Médico e então vereador do PT Orestes Neves, o professor e sindicalista Izidoro Simões, os professores João Lúcio , Alvaro Góis , Walter Fabiano, Janilton Ferreira e Edmailson Joia.  Destes encontros, animados por artistas como Antônio Amaral, Jailson Santana, Romildo Silva (Douca), Maria Helena, Marcos, Lula Sanfoneiro, entre outros, dessa forma, afunilando ideias e se iniciando as articulações, valendo –se da rede de contatos de Antônio Jorge na Universidade e fora dela, o projeto de ter uma extensão universitária em Sertânia, consolidou-se como o caminho natural escolhido pelos frequentadores desse diálogo. Outros professores Universitários deram as mãos aos colegas de Sertânia como a professora Edivânia Aguiar e Maria do Carmo Sobral.

Oportunamente, a partir de 2020, veio a integração do Município de Sertânia a causa. Reuniões realizadas com o prefeito Ângelo Ferreira, ganharam a adesão da  prefeitura municipal  ao conjunto de interessados em concretizar o projeto da UFPE em Sertânia. Entendimentos com a Universidade Federal, na pessoa do reitor Alfredo Gomes. Seguiu-se a implantação do NEMIP- Núcleo de Extensão do Moxotó-Ipanema e Pajeú, como primeiro passo. A luta recebeu ainda o apoio de lideranças políticas do PT como os senadores Humberto Costa e Teresa Leitão, o deputado federal Carlos Veras, e do PSB  como os deputados federais Gonzaga Patriota e Pedro Campos e o deputado estadual Diogo Moraes.   Finalizando ,a 10 de junho de 2024, O Presidente  Lula e o Ministro da Educação Camilo Santana anunciaram o Campos da UFPE em Sertânia, único município pernambucano entre os dez anunciados. 

Sertânia é privilegiada pela Transposição das águas do Rio São Francisco, com quatro barragens do Eixo Leste:  Rio Moxotó ( Rio da Barra), Barreiros, Campos, Cipó/ Barro Branco; e uma do Ramal do Agreste: Sítio dos Góis. Lugar que tem água é chão de oportunidades para o desenvolvimento. A Chegada das águas da transposição pode representar um novo divisor de águas para o desenvolvimento, assim como o advento da estrada de ferro possibilitou  nos anos 30 e 40, que a cidade crescesse de forma impressionante. E Mais: a Ferrovia Transnordestina está sendo retomada e Sertânia será beneficiada, pois atravessará as terras sertanienses, passando por Cruzeiro do Nordeste, Algodões e Rio da Barra. Bem como, a BR 232 será duplicada até Serra Talhada, passando por Cruzeiro do Nordeste, seguindo até a Terra do Xaxado. 

Vivendo o melhor momento de sua história, Sertânia experimenta uma expansão comercial considerável. O Melhor retrato disto são as Avenidas Joaquim Nabuco e Presidente Vargas, com reflexos na Agamenon Magalhães.  Tenho ouvido de familiares que residem em outros centros mais evoluídos, o quanto impressiona a pujança comercial da Avenida Joaquim Nabuco, com Lojas de produtos eletrônicos, moda infantil, e eletrodomésticos, farmácias e panificadoras, todas elas com fachadas bonitas, modernas e coloridas. A Avenida Presidente Vargas está se transformando de rua residencial, numa avenida comercial. Novos empreendimentos tomam a sua extensão, até as imediações do Hospital Municipal, aproveitando o movimento intenso de veículos e consumidores, sobretudo pelo crescimento daquela parte da cidade, com novos bairros, a exemplo do  Condomínio Sibas Brito, bairro Mococão, Mocoquinha  e outros, principalmente após o surgimento da Escola Técnica  Estadual e do Contorno viário. A expansão que se verifica na Presidente Vargas, também tem ocorrido na Agamenon Magalhães, na altura das Lojas Americanas até a altura da esquina da Rua dos Guararapes . Lojas Americanas que se somam a diversas outras de fora, que foram atraídas prá se instalarem em Sertânia. A obra da Via park, já proporcionou um impulso a rua 13 de maio, onde já abriram novas estabelecimentos comerciais, inspirados no parque: distribuidoras de bebidas, lanchonetes, entre outros. A exemplo do que ocorreu com o Campus da UFPE, cuja mobilização social foi fundamental, a sociedade tem se mobilizado de outras formas. As Ex-atletas de Handebol Feminino de Sertânia se mobilizaram pela construção do Parque Memorial Padre Christiano, idealizado pelo arquiteto Fabio Teódulo, hoje um vistoso ponto turístico da cidade. A elite local se uniu para a reconstrução e reabertura do América Esporte Clube, palco de momentos memoráveis da vida sertaniense, outra obra da lavra arquitetônica de Fábio Teódulo, assim como a revitalização do Armazém Central das Artes. Os sonhos da opinião pública do jornal Gazeta de Sertânia nos anos 80 estão concretizados: esta aí a Rádio Sertânia, (onde apresentamos o programa Casa dos Poetas, toda sexta-feira, fazendo jus ao título de Sertânia : “República da Poesia”), o Contorno Viário de Sertânia, ambas lutas diretas do Deputado federal sertaniense Gonzaga Patriota, numa parceria com a Prefeitura local, revitalizou o centro da cidade , com o reordenamento do trânsito: asfaltamento de vias principais,  sinalização de faixas de pedestre, estacionamento, cadastramento e numeração de veículos de tração animal, implantação de sistema de monitoramento de câmeras, Guarda civil municipal, construção de novas e belas praças, repaginando a questão urbanística em Sertânia , proporcionando uma inovação paisagística da cidade, inclusive com o monumento das Esculturas Alongadas, na Praça Amaro Lafayete, Rua Velha, modelo de artesanato genuinamente sertaniense, que tem hoje projeção internacional, gerando emprego e renda , sobretudo na periferia da cidade. O Estádio Odilon Ferreira, com gramado impecável, alambrado e iluminação a led permite partidas a noite do campeonato local, inclusive da equipe Sertaniense no campeonato pernambucano da segunda divisão. A História de Sertânia está sendo registrada, preservada e  difundida no Memorial Pinheiro, no Alto do Rio Branco, organizado pelo advogado , poeta e compositor André Pinheiro, que coordena um dos maiores projetos sociais da região do Sertão do Moxotó-Ipanema, com reforço escolar, atividades culturais e esportivas e orientação espiritual, no Lar Fraterno Vovó Cavendish.

Em nosso filme “Sertão fértil”, falamos um pouco destas perspectivas da transposição, a partir dos potenciais locais, a exemplo da retomada da produção agroecológica do algodão , de forma orgânica, do empreendimento Coentro do Sertão e da Caprincultura e seus derivados: Linguiça caprina , licor de leite de cabra, entre outras. Nosso documentário chega para dar testemunho desta cena, que se desenrola na tela panorâmica do cinema sertaniense , que começa a dar seus passos, enquanto assiste a revitalização do Cine Emoir, cuja luta pela sua reabertura foi iniciada pelo Movimento SOS Cine Emoir , há 25 anos atrás.

É neste contexto que será instalado  em Sertânia o Campus da UFPE, fruto deste momento histórico e da sintonia e comunhão de esforços daqueles que deram as mãos, e sob as bênçãos do presidente Lula serão capazes de fazer em Sertânia, um novo ciclo de desenvolvimento, mais orgânico, mais sistematizado, capaz de fomentar aqui um tempo de fartura e partilha, numa nova primavera sertaneja. Este futuro está em nossas mãos! 

Comentários

  1. Bom relato que diz de uma época,de um tempo que só nós sabemos contar… Unir esforços pra dizer também de forma mais clara, nossa memória e história. Valerá a pena por tudo.

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  2. Belíssimo, parabéns e parabéns a nossa Sertania

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  3. Texto impecável, falando de altos e baixos da nossa querida Sert

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  4. Parabéns, Josessandro. A identidade de Sertânia foi escrita por vc. Cabe até um poema no seu valoroso trabalho.

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