CAPA - Nathalia Queiroz |
O lançamento da obra será em Buíque, no Vale do Catimbau, e contará com as apresentações de Mestre Zé Bezerra e da banda Abaixo de Deus a força dos Encantados.
“Eu posso escrever que eu te amo num ensaio sobre o disco das horas?”, essa provocação marca o texto do escritor Carlos Gomes, que dá tom ao “Crítica de Invenção”, livro de autoria coletiva que será lançado dia 06/05, às 18h, na Comunidade do Serrote Preto, em Buíque (PE). Na ocasião, haverá apresentações de Mestre Zé Bezerra - O JB do Catimbau e da banda Abaixo de Deus a força dos Encantados, de Brejão. O evento também contará com a performance “Me leva até o começo”, criada a partir de um dos textos da publicação. No dia 09/05, haverá também uma ação na Erem Professora Ismênia Lemos Wanderley, escola pública em Brejão. A publicação, que sairá em formato digital e em versão impressa para o lançamento, será disponibilizada de forma gratuita no site do Cultura PE. O projeto tem o incentivo do Funcultura PE.
O livro “Crítica de invenção”, que conta com a autoria de Carlos Gomes, Géssica Amorim, GG Albuquerque, Mayara Bezerra, orientação do Prof. Fábio Andrade (UFPE) e projeto gráfico de Nathália Queiroz, é fruto de uma pesquisa que experimenta radicalmente formas de abordagem crítica sobre procedimentos artísticos do campo da música. A palavra invenção vem do latim inventio, expressando um movimento de descoberta, de criação, que desabitua gestos automatizados, uma atitude cognitiva que se liberta da mera representação, o que possibilita a sustentação de uma postura de abertura e de rastreio diante da obra musical.
“O livro é resultado de oito meses de investigação que nos possibilitou compreender como se comportam esses espaços porosos criados pelo atrito entre a música e seu potencial crítico”, afirma Carlos Gomes, que na obra assina o texto “Me leva até o começo”, um ensaio de amor (que tudo pode?) a partir do “Disco das horas”, de Romulo Fróes, com letras de Nuno Ramos. Já a jornalista Mayara Bezerra, de Santa Cruz do Capibaribe, assina “Quando há música em todo lugar”, um texto que atenta para a potência inventiva de experimentar o que se ouve. O jornalista GG Albuquerque, de Recife, escreve “Mega embrazamento avançado”, um ensaio denso e lúcido que propõe a ideia do som corporificado como um sistema de pensamento próprio.
Por fim, Géssica Amorim, do distrito Sítio dos Nunes (sertão do Pajeú), participa da publicação com o texto “Propagação”, uma peça sensível e imagética que desvela o inventário sonoro do cotidiano sertanejo que a circunda, mas ao mesmo tempo se universaliza. Neste mesmo ensaio, a autora conversa com Mestre Zé Bezerra, artista natural de Buíque. Essa troca mudou o rumo do “Crítica de invenção”, transferindo o lançamento do livro que seria no Recife para a Comunidade do Serrote Preto, em Buíque, no Vale do Catimbau.
Mestre José Bezerra. Foto: Gessica Amorim |
O vento traz um sopro e esse sopro traz um balanço pras folhas. Essas folhas dizem alguma coisa (Mestre Zé Bezerra)
O lançamento do livro “Crítica de invenção” terá a honra de contar com a apresentação do Mestre Zé Bezerra - o JB do Vale do Catimbau, que na ocasião celebrará os seus 70 anos. Iniciador das artes plásticas e mestre da primeira geração de artesãos do Vale do Catimbau, o artista expressa através dos entalhes na madeira, da oralidade, da performance e da musicalidade, todo um universo inventivo onde o cenário é a Caatinga.
No terreiro da sua casa-ateliê no Sítio Igrejinha, território do Parque Nacional do Catimbau, espaço que cultiva há 23 anos, o mestre expõe as suas esculturas feitas da madeira de troncos de Umburana, árvore nativa da caatinga brasileira: “A madeira conversa comigo, vai me falando sobre os detalhes (...) a madeira me mostra, vai me levando, cochichando comigo”, explica Zé Bezerra sobre o seu processo inventivo em depoimento à Géssica Amorim.
A arte de Zé Bezerra é conhecida em grande parte do Brasil, suas obras já foram expostas em diversos museus e galerias brasileiras e europeias, como o Museu de Arte Moderna do Rio (RJ), Museu Janete Costa (RJ), Museu Afro Brasil (SP), Museu do Imaginário do Povo Brasileiro (SP), Pinacoteca do Estado de São Paulo (SP), Fondation Cartier pour I’art Contemporain (Paris), Tropenmuseum (Amsterdã), dentre outros.
Nascido em Buíque, filho de um barbeiro e de uma costureira, Zé Bezerra hoje se sente no auge da força criativa, e se prepara para gravar o seu primeiro álbum musical, intitulado “Zé Bezerra e a Estrada do Sertão”.
A força dos encantados
Além da apresentação de Mestre Zé Bezerra, o evento de lançamento contará com o show de “Abaixo de Deus a força dos Encantados”, banda nascida no agreste de Pernambuco, na cidade de Brejão, “pelo sopro da voz que ecoa do povo Pankararu”, aldeia em que Nathália Tenório, uma das cantoras e compositoras do projeto, fotografou três parteiras para o filme “Do nascente ao poente”. Essa experiência serviu como uma espécie de portal para a formação do grupo, que é formado também pelos artistas Álefe Passarin, Clara Cury, flor das chagas, Gabriel Bedeza, Galvöao, Guira, Rafaella Orneles e Siba Carvalho Puri.
O lançamento também marca a estreia da performance “Me leva até o começo”, adaptação cênica do texto de mesmo nome presente no livro. Carlos Gomes, autor do escrito, adaptou o texto junto com as poetas Nathalia Queiroz e Maju. Esse trabalho foi gravado pelos três e transformado em trilha por Aishá Lourenço a partir da música do “Disco das Horas”, de Romulo Fróes. A fotógrafa Camila van der Linden colabora com imagens, enquanto Álefe Passarin e Thalita Medeiros vão encenar texto/imagem/som através da dança.
Além do lançamento do livro em Buíque, no dia 09 de maio haverá uma ação na escola pública “Erem Professora Ismênia Lemos Wanderley”, em Brejão, que irá contar com distribuição dos livros e uma conversa da equipe de pesquisadores e artistas sobre as temáticas presentes na publicação.
Serviço
Lançamento do livro Crítica de Invenção
Quando: Sexta-feira, dia 06/05
Horário: A partir das 18h
Onde: Comunidade do Serrote Preto, Vale do Catimbau, Buíque/PE
Entrada Gratuita
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