Exposição faz parte da comemoração dos 70 anos da Fundação Joaquim Nabuco e 40 anos do Museu do Homem do Nordeste. “Como teríamos sido sem o açúcar? Nunca vamos saber. Mas sabemos como foi com ele,” afirma a antropóloga do MUHNE, Ciema Mello. Segundo ela, o homem do Nordeste foi formado pelo açúcar e, desde o cafezinho com bolo no fim da tarde, até um majestoso bolo de casamento, existe uma função social na iguaria. Ciema é responsável pela curadoria da exposição Assucar, inaugurada no dia 15 de março para homenagear os 80 anos do livro homônimo de Gilberto Freyre.
O açucarado universo do livro de Gilberto vai ser recriado e comemorado de forma afetiva na sala Mauro Mota, na Fundaj/Casa Forte. Mas ao invés do aniversariante ser uma pessoa, é um livro, que ganhou uma festa com direito a ornamentos, mesa de comida e enfeites de papel crepom. “A exposição se esforça para reproduzir o tom da obra, que é um tom de convivialidade do açúcar. É um ritual cotidiano brasileiro”, afirma Ciema.
No mínimo 150 peças do Museu do Homem do Nordeste foram reunidas para materializar a cultura açucareira do século passado. Pinças de açúcar, açucareiros, jogos de louça e toalhas de mesa serão representações da extensão desse ingrediente social. Mas a grande estrela é primeira edição do livro Assucar, que compõe a mesa de exposição. Ciema explica que, há 80 anos, não existia a uma antropologia da alimentação. Freyre foi precursor tanto na predição da especialidade quanto na divulgação de receitas. “Algumas delas, na época, eram mantidas em segredo, como o famoso Souza Leão. Ele divulgou três receitas que membros da família revelaram em primeira mão.”
Após a abertura da exposição, haverá uma festa no quintal do casarão Solar Francisco Ribeiro Pinto Guimarães com uma vasta mesa de comidas tradicionais, cujas receitas estão no livro. No cardápio, desde doces de Chica, filha de Lia de Itamaracá e assídua na Fundação Joaquim Nabuco, a tapioca feita na hora. Os doces serão de batata, banana em rodelas, de leite, de jaca e passa de caju. Terá também munguzá. Tudo acompanhado , naturalmente, do clássico queijo do reino. Já o chefe Tito Fernandes vai trazer o cachorro quente caipira, feito com linguicinha, molho de vinho tinto e mel de engenho.
Fonte: Fórum Livreiros e Editores do Nordeste
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