Por: Daniel Lima (Psicanalista)
Diante de qualquer surto pandêmico, a pessoa pode ter a sensação de falta de controle frente às incertezas do momento. Estudos apontam que pessoas expostas a uma epidemia, pode sofrer alguma manifestação psicopatológica, ou seja, um sofrimento psíquico. Neste caso é preciso consultar um especialista e submeter-se às intervenções necessárias e cuidados específicos, frente às manifestações e sintomas. Há 100 anos não víamos uma doença de tais dimensões, apesar de seu caráter coletivo, passamos por um choque abrupto. Isso não significa que teremos os mesmos recursos e apresentaremos os mesmos tipos de resposta.
Diante de qualquer surto pandêmico, a pessoa pode ter a sensação de falta de controle frente às incertezas do momento. Estudos apontam que pessoas expostas a uma epidemia, pode sofrer alguma manifestação psicopatológica, ou seja, um sofrimento psíquico. Neste caso é preciso consultar um especialista e submeter-se às intervenções necessárias e cuidados específicos, frente às manifestações e sintomas. Há 100 anos não víamos uma doença de tais dimensões, apesar de seu caráter coletivo, passamos por um choque abrupto. Isso não significa que teremos os mesmos recursos e apresentaremos os mesmos tipos de resposta.
Em caso de isolamento, surgem sentimentos de desamparo, tédio, solidão e tristeza. Entre as reações comportamentais mais comuns estão: alterações ou distúrbios de apetite (falta de apetite ou apetite em excesso); alterações ou distúrbios do sono (insônia, dificuldade para dormir ou sono excessivo, pesadelos recorrentes); conflitos interpessoais (com familiares, equipes de trabalho...). Tudo isso pode acontecer independentemente de acompanhamento de especialistas. Parece que nosso modo de lidar com a vida é colocado à prova, e nesse momento que os sintomas podem aflorar e causar problemas. Entre as reações mais frequentes, incluem-se, medo de adoecer e morrer; perder pessoas que amamos; perder os meios de subsistência ou não poder trabalhar durante o isolamento e ser demitido; ser excluído socialmente por estar associado à doença; ser separado de entes queridos e de cuidadores devido ao regime de quarentena; não receber um suporte financeiro; transmitir o vírus a outras pessoas.
Também pode surgir sensação de impotência, irritabilidade; angústia e tristeza perante os acontecimentos. Como a psicanálise atuaria nesses casos gerados pela Covid-19? É importante dizer neste momento, que a pessoa não precisa encarar isso sozinha. Há bastante tempo, sabe-se que falar, produz bons efeitos para a pessoa em estado crítico. A medicina atribui grande valor à fala, em sua clínica. Apesar dessa não ser ema descoberta da psicanálise, foi Freud quem deu destaque a ela na criação da psicanálise. No início de sua clínica, uma de suas pacientes intitulou o tratamento recebido como “talking cure“, uma cura pela fala. Desde então, pede-se que o paciente fale o que lhe vem à mente, deixando de lado julgamentos e preconcepções. A proposta da psicanálise é que o paciente possa se encontrar com o que fala e com o que se diz em sua fala, de modo que é o próprio paciente possa dizer alguma coisa acerca do seu sofrimento singular. Somos seres de linguagem, nos constituímos nela e, por ela podemos nos desvencilhar de algo e tomar novas direções que dê novo significado a vida.
Daniel Lima Gonçalves - Psicanalista.
daniellimagoncalves.pe@gmail.com
Membro Emérito da Sociedade Pernambucana de Estudos Psicanalíticos – SPEP; Membro do Grupo Brasileiro de Pesquisas Sándor Ferenczi – GBPSF; Psychoanalyst Member of International Sándor Ferenczi Network – ISFN; Licenciado em Filosofia – FSF/CBEA; Bacharel em Teologia – FATIN; Especialista em Psicanálise e Teoria Analítica – FATIN; Certificação Profissional em Neurociência - PUCRS; Pós-graduando em Filosofia e Autoconhecimento – PUCRS; Pós-graduando em Ciências Humanas: Sociologia, História e Filosofia – PUCRS; Coordenador do Grupo de Estudos e Pesquisas Psicanalíticas de Arcoverde - GEPPAR. Colunista do Blog Informativo Diverso, Jornal de Arcoverde e Jornal Mais Saúde.
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