“Quando um sintoma surge no corpo, ele é resultado de uma simbolização que foi abortada” (Carvalho Ferraz, 2007)
Ao longo da vida, com frequência, enfrentamos situações inesperadas, geradoras de intensas angústias. Se por excesso, essas angústias não podem ser digeridas, elas transbordam para o corpo que adoece. A abordagem psicanalítica dos fenômenos somáticos compreende as doenças físicas e as afecções corporais como medidas defensivas para manter o equilíbrio dessa organização emocional. Quando há falhas nesse processo, porém, isso pode resultar na somatização dos sofrimentos. Na ausência do símbolo e da palavra é no corpo que eles se manifestarão. A somatização ocorre quando um indivíduo começa a apresentar sintomas físicos, mas que possuem origem psicológica. Assim, ele pode experimentar fortes dores de cabeça, falta de ar ou náuseas, por exemplo, sem que exista uma doença de ordem física causando essas sensações. A somatização pode se apresentar através dos mais diferentes sintomas físicos. Entretanto, existem alguns que são mais comuns, são eles:
• Dores de cabeça, na coluna, no peito, nas articulações ou em qualquer parte do corpo sem uma causa física aparente;
• Problemas de ordem gastrointestinal, como diarreia, náuseas e vômito;
• Dificuldade para respirar, ingerir alimentos ou se locomover;
• Perda da voz, visão ou audição de forma temporária.
Os fenômenos somáticos (dores no corpo) podem ser considerados uma modalidade de descarga de angústias que não podem ser pensadas e vem de experiências traumáticas sofridas em estágios precoces do desenvolvimento da pessoa. Essas vivências precisarão ser nomeadas para, então, serem pensadas e elaboradas, em vez de seguirem sendo derramadas sobre o soma (o corpo). É recorrente na clínica atual vermos pacientes que apresentam respostas somáticas diante do sofrimento psíquico, cabendo ao analista, por meio de sua escuta, até mesmo de sua pessoa, dar um novo sentido ao que, de alguma forma, escapou ao investimento libidinal. O encontro analítico passou a ser visto como uma relação que produz um impacto emocional mútuo, no qual ocorrem trocas de informações, ou seja, comunicações nas esferas verbal e não verbal, intencionais ou não.
O processo analítico com pacientes somáticos inclui permanentes idas e vindas, melhoras e pioras intensas e intermináveis. São análises longas que exigem desprendimento e vitalidade por parte do analista. É na relação transferencial (relação do paciente para o analista)/contratransferencial (relação do analista para o paciente) que novas qualidades de vínculo serão desenvolvidas. Sendo assim, fazer análise é um bom caminho para entender e lidar com os sofrimentos psíquicos (da mente) que se manifestam no soma (no corpo). Portanto, procure ajuda especializada (psicanalista, psicólogo e/ou psiquiatra).
Daniel Lima - Psicanalista, Filósofo e Teólogo.
daniellimagoncalves.pe@gmail.com
Membro Titular e Psicanalista Didata da Sociedade Pernambucana de Estudos Psicanalíticos – SPEP; Psicanalista Membro do Grupo Brasileiro de Pesquisas Sándor Ferenczi – GBPSF; Psychoanalyst Member of International Sándor Ferenczi Network – ISFN; Estudo Permanente no Grupo de Estudos Psicanálise do Acolhimento – GEPA; Licenciado em Filosofia – FSF/CBEA; Bacharel em Teologia – FATIN; Pós-graduando em Psicanálise e Teoria Analítica – FATIN; Pós-graduando em Filosofia e Autoconhecimento – PUC-RS; Coordenador do Grupo de Estudos Psicanalíticos de Arcoverde - GEPAR; Colunista do Blog Choque Cultural Buíque, Jornal de Arcoverde e Jornal Mais Saúde.
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