PRECONCEITO LINGUÍSTICO FOI UM DOS TEMAS TRABALHADOS NA PRIMEIRA NOITE DO XIV COEPE - CONGRESSO DE ENSINO, PESQUISA E EXTENSÃO, REALIZADO NA AESA/CESA

O primeiro dia do 14º Congresso de Ensino, Pesquisa e Extensão COEPE) da AESA  - Autarquia de Ensino Superior de Arcoverde (18.10), foi muito especial para as turmas de Letras da referida Instituição de Ensino Superior, e o motivo da maior alegria é o fato de que os alunos do 5º Período de Letras, em parceria com alunos do 1º e 4º Período, apresentaram em forma de debate, o Projeto: Dia Municipal de Combate ao Preconceito Linguístico, que a partir do próximo ano, será comemorado na cidade de Buíque, no Agreste pernambucano.

Tendo como fonte o livro Preconceito Linguístico, do escritor Marcos Bagno, e motivador principal o professor de Linguística, Gilberto Cosme de Farias,  os alunos do Curso de Licenciatura Plena em Letras, resolveram ousar, e decidiram criar um dia de combate ao modo de falar. Se existe dia de combate a violência LGBT, Racial, contra Mulher, por que não criar um dia de combate contra o Preconceito Linguístico? Segundo o professor Gilberto, o preconceito não é contra a raça nem contra o gênero, não é contra machos nem fêmeas, é contra a forma de eles se expressarem socialmente, é o preconceito que vem secularizado por uma sociedade menor, que se acha no direito de fazer criticas contundentes a quem não se expressa da maneira que a sociedade quer.

Foram debatidos os 8 mitos do livro Preconceito Linguístico, também foi feito uma explanação sobre a vida e a obra de Marcos Bagno, logo após, apresentou-se o motivo da escolha de Patativa do Assaré como simbolo deste dia de Combate ao Preconceito Linguístico, e em seguida os alunos discutiram as propostas contidas no Projeto de Lei 025/2017, da Câmara de Vereadores de Buíque, onde a partir do dia 05 de Março de 2018, será desenvolvido em parceria com a Secretaria de Educação da cidade, atividades referentes ao tema, com palestras, oficinas e apresentações.

Um dos alunos de Letras afirmou: então, mais serve uma língua em que eu me comunique com os outros, do que uma língua em que a minha comunicação seja interrompida por que o meu interlocutor não me compreende. Outro aluno completou: “LÍNGUA QUE NÃO MUDA, MORRE”. É língua morta, então todas as línguas do mundo, faladas hoje, tem variantes linguísticas, só português que não tem, pois está enraizada na sociedade brasileira o preconceito contra o diferente, por que nós vivemos numa sociedade que todo mundo quer que você se encaixe em modelos, e ai de quem foge desses modelos, e a fala é um dos modelos.

Em outro momento o professor de Linguística, Gilberto Cosme de Farias, comentou: alguém tem que fazer alguma coisa, e é o curso de letras de Arcoverde que vai fazer isso, para mostrar quão ridicularizados nós somos, quão humilhados nós somos, quão fustigados nós somos, quando se trata de preconceito contra a fala das pessoas, agente encontra esse preconceito na própria família, na própria escola, na própria sociedade, na sala de aula, onde quer que estejamos, se não falamos como os gramáticos predizem, preconizam, como a sociedade letrada quer.

Em entrevista ao nosso Blog, um dos participantes comentou: mas eu posso ou não seguir o modelo proposto de fala, ou posso discordar desse modelo de fala única, não existe fala única, pode até existir escrita única, então é contra este preconceito da nossa fala, principalmente das minorias que eles estão propondo fazer um dia Combate ao Preconceito dos “sem língua”, aqueles que se expressam a sua maneira e que tem uma vantagem, se comunicam, a língua é feita pra comunicar-se e não para está decorando regras, regras inúteis, que a gente nem usa as vezes.

Então eu (Leonardo Silva) afirmo que alguém enxergou, alguém olhou distante, para que esse dia fosse aprovado e apoiado, pois qualquer pessoa que ouse falar socialmente  e não utilize a língua preconizada pela gramatica, vai ser humilhado, vai ser ridicularizado, entretanto, os alunos de letras da AESA/CESA, que conhecem diversas histórias de preconceito linguístico, estão tendo essa oportunidade de questionar isso socialmente. Outros até acham que tem que se falar como a gramatica diz, e eu mesmo não me encontro nesse sistema de falar como a gramatica preconiza, eu não estou nessa, estou fora, por isso que eu também sou objeto de preconceito linguístico.

Leonardo Silva

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