MISSA DO VAQUEIRO DE SERRITA TRAZ SERTÃO AO RECIFE

Divulgação - A programação do evento foi anunciada nesta quarta-feira (5), numa coletiva no Cais do Sertão
A primeira e mais tradicional celebração religiosa em homenagem aos que trabalham duro nas caatingas do Sertão, cuidando do gado, ganha uma versão inédita no litoral. É a Missa do Vaqueiro de Serrita, que o Governo do Estado de Pernambuco, através da Empresa de Turismo de Pernambuco – Governador Eduardo Campos (Empetur), Centro Cultural Cais do Sertão e da Companhia Editora de Pernambuco (Cepe), promove no Recife, para marcar os 30 anos de morte de Luiz Gonzaga e do Padre João Câncio, os criadores da celebração religiosa, o projeto Tengo Lengo Tengo.

A iniciativa conta com uma programação variada, que engloba, além da realização da tradicional missa de Serrita na capital pernambucana, o lançamento da biografia de Câncio e uma exposição com uma extensa programação cultural. A mostra “Tengo Lengo Tengo” ganha abertura no dia 13 de junho (quinta-feira) e segue em cartaz até 27 de agosto, na Sala São Francisco, no Cais do Sertão. Já a cerimônia religiosa está marcada para 16 de junho (domingo), às 16h, no vão livre do Cais. A expectativa é atrair aproximadamente 25 mil pessoas.

O Altar e o Cruzeiro que já viraram símbolos da Missa do Vaqueiro em Serrita serão reproduzidos fielmente para a celebração no Recife, um acontecimento que deve entrar para a história da capital pernambucana. Na cerimônia, vaqueiros trajando os seus tão simbólicos gibões de couro participam ativamente. Na ocasião, será realizada a liturgia completa. “Queremos que o público tenha uma experiência da grandiosidade que é este ato de fé”, explica Helena Câncio, viúva do Padre João Câncio e também organizadora do evento.

O projeto Tengo Lengo Tengo conta com o apoio da Secretaria de Cultura de Pernambuco, Prefeitura do Recife e da Janela Gestão de Projetos, de Dida Maia e Fernanda Ferrário.

EXPOSIÇÃO
A “Tengo Lengo Tengo” foi pensada como uma forma de celebrar a data que marca os 30 anos da morte das duas personalidades fundadoras da Missa do Vaqueiro, Luiz Gonzaga, o Rei do Baião, e o Padre João Câncio. A ideia é dar ao grande público uma dimensão da importância do trabalho desenvolvido por ambos na missão de preservar a cultura e a tradição dos vaqueiros.

Dividida em três seções, a exposição começa com o espaço expográfico, que trabalha o encantamento com o Sertão Verde através das sensações. É aqui que o público poderá entender o sentimento de ter a chuva renovando a vida das plantas e dos animais no entorno da bacia hidrográfica do Rio Pajeú. De sentir as emoções geradas pelos registros em verso e prosa da influência dos rios, riachos, açudes, poços e cacimbas na vida dos sertanejos. Para dar boas-vindas ao público, projeções de vídeos e fotos ao som dos sucessos de Gonzagão.

No segundo momento, é apresentada “Quando o Sagrado Vem do Chão”, uma seção centrada na Missa de Serrita e na figura do vaqueiro, com sua armadura de couro, sua fé e tradição. Na mostra, um altar e uma cruz reproduzem o cenário de força e magia que envolve o todo o evento, desde a festa profana, reunindo sertanejos de grandes distâncias, até a parte sagrada, que tem seu auge na manhã de domingo dedicada à parte religiosa, com toda sua liturgia.

O público ainda poderá conferir um mapa com todas as Missas do Vaqueiro do Sertão, com suas respectivas datas para orientar os que se apaixonarem pelo universo do evento. Vaquejadas e pegas de boi também estão no roteiro.

A última parte, “A Música que Eleva as Raízes”, permitirá ao público conferir como a influência do Rei do Baião se espalhou pelo País com suas músicas. É através das canções que os costumes, a ética, a natureza, os amores, as relações sociais, a economia e muito fortemente a religiosidade, entre vários outros aspectos, foram se tornando motivo de orgulho para um povo tão mal representado. O universo Gonzaguiano, já tão bem exposto no Cais do Sertão, terá na exposição “Tengo Lengo Tengo” um viés retratado por outros artistas, de várias outras áreas. A tecnologia fará a aproximação do visitante com Exu, terra natal do Rei do Baião, e permitirá uma viagem virtual ao Sertão dos sanfoneiros e dos aboiadores; do xaxado e das bandas de pífano.

Ainda dentro da programação, a exposição contará com o lançamento da biografia do Padre João Cancio, no dia 13 de junho, abertura da mostra.

No decorrer do tempo em cartaz, serão realizadas mesas-redondas, com temas como “O Sertão pelas Lentes dos Fotógrafos”; “O Armorial e as Pedras do Reino” e “O Cangaço e Gênero”. Oficinas de zabumba, de costura do couro (inclusive com uma versão para crianças), apresentações culturais sertanejas e leituras dramáticas também fazem parte do programa.

Outro ponto de destaque é a realização da Cavalhada se São José do Belmonte no Recife, no dia 25 de agosto, às 16h, com a participação de 40 cavalos. A encenação inclui jogos medievais de habilidades com o cavalo, como acertar argolas, por exemplo.

O encerramento da exposição, em 27 de agosto, será marcado por uma festa, com o Som da Rural tocando grandes sucessos de Gonzagão.

SOBRE A MISSA DO VAQUEIRO
Realizada anualmente, a Missa do Vaqueiro tem em suas origens uma história que foi consagrada na voz de Luiz Gonzaga: a de Raimundo Jacó, um vaqueiro habilidoso na arte de aboiar. Reza a lenda que seu canto atraía o gado, mas atraía também a inveja dos colegas de profissão, fato que culminou em sua morte numa emboscada. O fiel companheiro do vaqueiro na aboiada, um cachorro, velou o corpo do dono dia e noite, até morrer de fome e sede.

A história de coragem se transformou num mito do Sertão e três anos após o trágico fim, sua vida foi imortalizada pelo canto de Luiz Gonzaga. O Rei do Baião, que era primo de Jacó, transformou “A Morte do Vaqueiro” numa das mais conhecidas e emocionantes canções brasileiras. Mas Gonzaga queria mais, e se juntou a João Câncio dos Santos – padre que ao ver a pobreza e as injustiças cometidas contra os sertanejos passou a pregar a palavra de Deus vestido de gibão – para fazer do caso de Jacó o mote para o ofício do vaqueiro e a celebração da coragem.

Assim, em 1970, o Sítio Lajes, em Serrita, onde o corpo de Jacó foi encontrado, recebe a primeira Missa do Vaqueiro. De acordo com a tradição, o início da celebração é dado com uma procissão de mil vaqueiros a cavalo, que levam, em honras a Raimundo Jacó, oferendas – como chapéu de couro, chicotes e berrantes – ao altar de pedra rústica em formato de ferradura.

A missa, uma verdadeira romaria de renovação da fé, acontece sempre ao ar livre e se assemelha bastante aos rituais católicos, porém contando com toques especiais que caracterizam o evento: no lugar da hóstia, os vaqueiros comungam com farinha de mandioca, rapadura e queijo, todos montados a cavalo.

Serviço
Exposição “Tengo Lengo Tengo” e lançamento da biografia de João Câncio, por Vandeck Santiago / dia 13 de junho (quinta-feira), 18h
Missa do Vaqueiro / dia 16 de junho (domingo), 16h
Onde: Centro Cultural Cais do Sertão (Av. Alfredo Lisboa, s/n, Bairro do Recife)
Eventos abertos ao público
Mais informações: (81) 3182-8266

Fonte: Cultura.Pe.Gov

Comentários